Raramente choro ao final de uma temporada no teatro. Desde o início, lá atrás, soube que uma carreira estará sempre em construção e, como aprendi com nossa amada Noemi Marinho, “o melhor sempre estará por vir”.
Mas no domingo passado, ao encerrar a última sessão de “Pessoas Perfeitas”, chorei. E chorei muito!
Foram exatos 19 meses trabalhando em modo digital, sozinho em meu escritório, ávido, louco por interlocução, buscando conexões com quem quer que fosse.
E, enquanto nos conectávamos com o mundo lá fora, aqui dentro, em nossos íntimos, fomos vendo este mesmo mundo despencar. Nunca perdemos tantos amigos, tantos amores. Só no Brasil, 600 mil pessoas sucumbiram a este tempo tão terrível.
Mas por aqui, transformamos nossas solidões em trabalho. E, assim, nestes 19 meses, realizamos cerca de 1.150 sessões, em 16 diferentes espetáculos, com públicos – contabilizamos 151 mil pessoas – vindos dos cinco cantos do planeta. Nunca trabalhamos tanto!
Pequeno recorte do trabalho da Cia. de Teatro Os Satyros entre 2020-2021
Fomos fazer espetáculos em lugares antes tão distantes quanto: Quênia, África do Sul, Índia, e Singapura, apenas para citar alguns.
E, também, trabalhamos com profissionais de todos estes lugares. E de muitos outros, como: Cuba, Estados Unidos, Angola, Reino Unido, Alemanha, Suécia, Finlândia, Suíça, Portugal, Espanha, Cabo Verde, Canadá, Nigéria, Zimbábue, Argentina, Coreia, Cuba, Bolívia, China, Filipinas, França, Indonésia, Irã, Senegal, Venezuela, Rússia e Luxemburgo.
Nossa próxima parada agora é em “Aurora”, um texto meu e do Rodolfo, que estreia no final de novembro e que, pela primeira vez, fará sessões em modo físico e digital: de quinta a domingo, no Espaço dos Satyros, na Praça Roosevelt; e, aos domingos, no Espaço dos Satyros Digital.