A Folha fez uma enquete com 40 nomes da música, cinema, teatro, literatura, política cultural, TV e artes visuais sobre 40 discos que completam 40 anos em 2013.
Os convidados votaram em uma lista com 20 álbuns brasileiros e 20 estrangeiros.
JURADOS
Os 40 participantes da enquete
MÚSICA Milton Nascimento, Tom Zé, Romulo Fróes, Eumir Deodato, Kiko Dinucci, Mário Adnet, Pupillo, Hamilton de Holanda, Siba e Lucas Santtana
CINEMA Fernando Meirelles, Cacá Diegues, Ana Rieper, Cláudio Torres, Iafa Britz e Kiko Goifman
LITERATURA Luis Fernando Veríssimo, Ziraldo, Marcelino Freire, Joca Reiners Terron, Alcir Pécora e Cadão Volpato
TEATRO Daniela Thomas, Roberto Malta, Ivam Cabral, Jorge Takla, William Pereira e Caetano Vilela
TELEVISÃO Marcelo Tas, Danilo Gentili, Gregório Duvivier, Marina Person, Astrid Fontenele e Boni
ARTES VISUAIS Nuno Ramos, Rodrigo Andrade, Paulo Monteiro, José Roberto Aguilar e André Komatsu
CULTURA Juca Ferreira
MEU VOTO:
“SECOS E MOLHADOS”
Não só porque revelaria Ney Matogrosso, um de nossos maiores intérpretes, mas pelo que significou na cultura nacional. É o disco que marca a renovação do rock brasileiro e, por isso, minha escolha tem um caráter sociológico aí. Anos pesados de nossa ditadura militar, esbanjou com furor a guitarra elétrica da Tropicália, num grito destemido de pedido de socorro. O disco, transgressivo e debochado, chegou na minha infância com um grito. Nós, meninos do interiorzão do Brasil (eu nasci em Ribeirão Claro, no Paraná), começamos a rebolar. E olhe que isso aconteceu antes do “Stayin Alive”, do Travolta. Assim, gosto de pensar que por causa dos Secos & Molhados, a garotada brasileira rebolou antes dos americanos. E isso é sinal de revolução. Levei muitas broncas (e até umas palmadas dos meus pais), mas com este disco do Secos & Molhados, aprendi a rebolar.
Fonte: Folha de S. Paulo, 17 de agosto de 2013