NA FOLHA | Coletivo Psicanálise nas Brechas lança manifesto decolonial e mira a França

𝑮𝒓𝒖𝒑𝒐 𝒒𝒖𝒆 𝒊𝒏𝒄𝒍𝒖𝒊 𝑰𝒗𝒂𝒎 𝑪𝒂𝒃𝒓𝒂𝒍 𝒆 𝑰𝒔𝒊𝒍𝒅𝒊𝒏𝒉𝒂 𝑵𝒐𝒈𝒖𝒆𝒊𝒓𝒂 𝑩𝒂𝒑𝒕𝒊𝒔𝒕𝒂 𝒒𝒖𝒆𝒔𝒕𝒊𝒐𝒏𝒂 𝒂 𝒑𝒐𝒔𝒊𝒄̧𝒂̃𝒐 𝒅𝒆 𝒄𝒐𝒍𝒆𝒈𝒂𝒔 𝒅𝒆 𝒑𝒓𝒐𝒇𝒊𝒔𝒔𝒂̃𝒐 𝒏𝒂 𝑬𝒖𝒓𝒐𝒑𝒂

São Paulo

O coletivo Psicanálise nas Brechas, que reúne nomes relevantes da área como Isildinha Nogueira Baptista, Miriam Chnaidermann, Miriam Debieux, Ivam Cabral e Thamy Ayouch —marroquino que vive em Paris—, vai lançar um manifesto decolonial.

O texto, que será apresentado no dia 20 de julho, no Cine Bijou, em São Paulo, é um posicionamento do grupo diante da recusa, por parte de setores hegemônicos da psicanálise da Europa, “de escutar as vozes, dores e potências que emergem de territórios colonizados”, segundo o material de divulgação do evento.

A sessão será aberta ao público e contará com a leitura do manifesto, seguida de conversa com integrantes do coletivo e convidados. “A colonialidade não termina com as bandeiras. Ela marca a pele, o corpo, a língua e os silêncios. Ela estrutura o desejo e as violências que atravessam o sujeito”, diz o texto, intitulado “Não Somos a Senzala da Sua Casa Grande”.

O manifesto evoca Frantz Fanon, um dos principais teóricos da psicanálise, que faria 100 anos, e a psicanalista Isildinha Baptista Nogueira, autora de “A Cor do Inconsciente”, livro que aborda a história colonial como parte da constituição subjetiva dos sujeitos.

O manifesto é uma resposta a dois episódios. O primeiro, um texto publicado em 2019 no jornal Le Monde, um dos principais da França, no qual psicanalistas do país classificavam o pensamento decolonial como ameaça e o acusavam de vitimismo, e também defendiam um suposto universalismo psicanalítico.
O segundo, de junho deste ano, aconteceu durante o Colóquio Brasileiro de Psicanálise realizado na Embaixada do Brasil em Paris. Na ocasião, uma psicanalista francesa iniciou sua fala dizendo:
“Não sei bem o que vim fazer aqui e o que vou falar. Sou europeia, branca, loira, de olhos claros e nascida em Paris. Sou sujeito.” E completou acrescentando que não escutava ali “a voz dos psicanalistas”, mas apenas “a de sociólogos e políticos” —questionando a escuta de uma psicanálise decolonial.

na foto: 𝑂 𝑝𝑠𝑖𝑞𝑢𝑖𝑎𝑡𝑟𝑎 𝐹𝑟𝑎𝑛𝑡𝑧 𝐹𝑎𝑛𝑜𝑛 𝑒𝑚 𝑟𝑒𝑡𝑟𝑎𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑝𝑎 𝑑𝑒 𝑢𝑚𝑎 𝑑𝑎𝑠 𝑒𝑑𝑖𝑐̧𝑜̃𝑒𝑠 𝑑𝑒 𝑠𝑒𝑢 𝑙𝑖𝑣𝑟𝑜 ‘𝑃𝑒𝑙𝑒 𝑁𝑒𝑔𝑟𝑎, 𝑀𝑎́𝑠𝑐𝑎𝑟𝑎𝑠 𝐵𝑟𝑎𝑛𝑐𝑎𝑠’ – 𝑅𝑒𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑐̧𝑎̃𝑜

 

Fonte: Folha de S.Paulo

Ator, roteirista e cineasta. Co-fundador da Cia. Os Satyros e diretor executivo da SP Escola de Teatro.
Post criado 1905

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