MINHA OPINIÃO – PARA ONDJAKI, FELIZMENTE, AS CRIANÇAS NÃO CRESCEM EM SEGREDO

Ondjaki é angolano, nascido em Luanda. Com formação em Sociologia, em Lisboa, atualmente vive no Rio de Janeiro. Nascido Ndalu de Almeida, aos 35 anos é um dos maiores escritores da língua portuguesa.

Eu o conheci no final dos anos 1990, em Portugal. Ndalo, que na época tinha uns 18 ou 19 anos, estudou teatro com Os Satyros em nossas oficinas livres de interpretação teatral, em Lisboa.

Dono de uma obra extensa – com 16 títulos publicados – já foi traduzido para o francês, inglês, alemão, italiano, espanhol e chinês. Em seu currículum, coleciona, ainda, prêmios importantes em diversas partes do mundo, incluindo aí o Prêmio Jabuti, em 2010, por “AvóDezanove e o segredo do soviético” (Companhia das Letras).

“Os da Minha Rua”, lançado pela editora Língua Geral em 2009 e já em sua terceira edição, é um livro de memórias. Reúne 22 contos curtos e fala sobre a infância do autor, vivida em Luanda entre os anos 1980 e 1990.

Escrito em primeira pessoa, e entre o limite da ficção e realidade, o narrador traz histórias de família, carnaval, das festas nas casas dos tios, da parada de primeiro de maio e até da novela brasileira “Roque Santeiro”.

Nesta obra, o autor faz uma grande homenagem à infância. Temas como morte, amizade e a descoberta do amor – “Os Calções Verdes do Bruno” é um dos contos mais bonitos do livro –  são tratados com delicadeza e extremo lirismo.

E contradizendo a poeta Ana Paula Tavares, Ondjaki nos mostra neste “Os da Minha Rua” que, felizmente, as crianças não crescem em segredo.

Ator, roteirista e cineasta. Co-fundador da Cia. Os Satyros e diretor executivo da SP Escola de Teatro.
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