Minha fala hoje no IV ATO DIREITOS JÁ, neste Dia Internacional da Democracia

Boa noite a todas, a todos e a todes,

obrigado pelo convite, orgulho imenso de estar aqui mais uma vez, ao lado de pessoas que tanto admiro, neste Dia Internacional da Democracia.

Aprendi, desde sempre, que o amor pela democracia é o amor pela igualdade. Então, pela igualdade, venho aqui em nome das Artes do Palco.

E, infelizmente, os números que no nosso setor até o início da pandemia pareciam estimulantes, viraram estatísticas de horror.

Só para lembrarmos, segundo mapeamento da Firjan, publicado em fevereiro de 2019, existem hoje cerca de 892 mil profissionais das artes atuando no Brasil. Destes, 249 mil atuam no estado de São Paulo.

Mas estes números não devem impressionar ninguém e talvez seja até bobagem nominá-los. Mas, com certeza, eu vou surpreender vocês agora.

Desde o início do isolamento social, em março, só na cidade de São Paulo eu fiquei sabendo de 10 casos de suicídios de técnicos que não suportaram a falta de trabalho.

É um número absurdo, esse. E esses nomes são de conhecidos nossos, pessoas próximas. São roadies, camareiras e técnicos de luz. Quatro foram técnicos de som. E quem vai chorar por eles?

Somos um exército de desempregados.

Os atores, músicos, bailarinos e performers em geral, constituem a face visível deste panorama, e estão sendo imolados publicamente por algumas instâncias. Mas há uma outra face:

camareiras, contra-regras, roadies, cenotecnicos, técnicos de palco, técnicos de circo, técnicos de luminacão, técnicos de áudio, técnicos de vídeo, marceneiros construtores de cenografia, serralheiros, programadores de mesa, operadores de áudio, luz e imagem, maquinistas, costureiras, diretores de palco, DJs, carregadores, apontadores, bilheteiros e tantas outras derivações destas funções que desapareceram num passe de mágicas com a chegada desta pandemia.

Porque sumiram os circos, os espetáculos de dança, de música, os shows, as peças de teatro, os desfiles. Os estúdios de gravação, espaços culturais, de exposições e de eventos fecharam suas portas.

Aproveito o espaço para me alinhar ao Movimento SOS Técnica SP para pedir que, principalmente, os técnicos das artes do palco não sejam esquecidos neste momento tão triste. E que políticas públicas sérias sejam desenhadas. É pelo futuro!
Ator, roteirista e cineasta. Co-fundador da Cia. Os Satyros e diretor executivo da SP Escola de Teatro.
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