Conheci a Ruth de Souza nos anos 1990, no Rio de Janeiro. Me lembro bem de um café que tomamos juntos, no antigo Hotel Gloria.
Amiga de Tom, Vinícius & Cia, Ruth me disse que a maioria dos seus amigos, nos anos 1950 – que viviam todos próximos, em Copacabana –, deixava a porta de suas casas apenas encostadas e que era comum chegar em casa e encontrar alguma visita inesperada na sala de estar; alguém que estava passando por ali e resolvia dar uma “entradinha”. Ainda segundo Ruth, eram os artistas os grandes guardiões de Copacabana e que eles, além de humanizar, traziam poesia para o bairro.
Ruth ainda me revelou que só passou a fechar com chaves a sua porta nos anos 1980.
Quando, em 2017, recebemos uma homenagem juntos – do Prêmio Aplauso Brasil, que na altura também homenageou Etty Frazer e Renato Borghi –, soube pela organização do prêmio que ela não poderia vir a São Paulo. Mandei-lhe uma cartinha, mas ela nunca me respondeu.