Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
Ivam Cabral completa 60 anos neste domingo, 25 de junho de 2023. O ator, psicanalista, dramaturgo, compositor e gestor cultural chega à nova idade com a sensação de missão cumprida. “Estou onde queria estar”, diz. Mas, com desejo de quero mais, dando pistas que o cinema tem a ver com isso. Cofundador em 1989 da Cia de Teatro Os Satyros ao lado de Rodolfo García Vázquez, que também completou 60 anos recentemente, o artista conversa nesta exclusiva Entrevista do Arcanjo sobre o atual momento de sua vida. O papo aconteceu em sua sala, decorada com parte dos mais de cem prêmios que recebeu no Brasil e no mundo, na SP Escola de Teatro, da qual é diretor executivo e da Adaap (Associação dos Artistas Amigos da Praça), na Praça Roosevelt, centro de São Paulo, o mais importante centro de formação das artes do palco da América Latina, ligado à Secretaria da Cultura, Economia e Indústrias Criativas do Estado de São Paulo. Natural de Ribeirão Claro, no interior do Paraná, formado em Curitiba e já tendo vivido por muitos anos na Europa, antes de se radicar em São Paulo, Ivam Cabral, que é doutor em artes cênicas pela ECA-USP, falou a Miguel Arcanjo Prado sobre as conquistas ao longo das seis décadas de vida. E demonstra ter fôlego e apetite para muito mais. Leia com toda a calma do mundo.
Miguel Arcanjo Prado – Como é fazer 60 anos?
Ivam Cabral – É surpreendente. É um privilégio, na verdade, porque, fazendo agora um balanço de tudo que aconteceu na minha vida e tentando, em retrospectiva, trazer um pouco do que aconteceu comigo, eu sinto falta do monte de gente, a começar pelo Dimi [Cabral], meu irmão mais velho que morreu mais novo do que eu sou hoje, aos 58 anos. Ele era quatro anos mais velho e de repente eu sou mais velho que ele hoje. Então, é inevitável pensar em tudo isso. Mas eu confesso para você que eu estou achando incrível também. Eu nunca tive uma relação com idade, com aniversários, muito boa.
Miguel Arcanjo Prado – Você não gostava de fazer aniversário?
Ivam Cabral – Não, mas não exatamente por causa do peso da idade. Eu sou canceriano, gosto de ficar na minha. Sou tímido pra caramba.
Miguel Arcanjo Prado – Escondia para não atender os telefonemas de parabéns.
Ivam Cabral – Exatamente, mas esse ano não, eu estou achando muito legal, então, eu me sinto super privilegiado. Acho que essa é a palavra, e muito agradecido também. Não pensei que eu fosse chegar tão longe.
Miguel Arcanjo Prado – E tem uma coisa dos 60 anos que é assim, acho que a pessoa se toca que já tem uma trajetória aí que é maior do que o futuro, digamos assim. E quando está com 60, você já construiu alguma coisa na vida, e você construiu muita coisa. Como vê isso?
Ivam Cabral – O mais curioso, Miguel, é que essa questão de ter vivido mais tempo do que eu viverei eu tive aos 40; e nos 50 tinha certeza. Então, essa ficha caiu nesse momento. Eu acho que eu cheguei onde eu queria chegar, entende? Por isso que eu falo que eu fui muito mais longe, porque foi uma vida sem proteção, mergulhando sempre sem uma rede de proteção, fazendo um teatro por responsabilidade absoluta minha, porque foi uma escolha, o teatro que eu quis fazer. A gente recusou trabalhar no teatro dos grandes. Uma das grandes tentações foi com o espetáculo Vestido de Noiva, por exemplo, que a gente foi chamado para fazer no Teatro Cultura Artística depois do Itaú Cultural na época. E a gente sabia que a Cultura Artística não era o nosso lugar, que o nosso tamanho era para outras questões. Então, eu acho que consciência disso a gente sempre teve. Mas eu ainda tento me responder que lugar ainda no mundo eu posso caber, que lugar que eu posso adentrar, que eu posso entrar para transformar coisas. Eu acho que eu estou muito voltado para isso nos últimos tempos.
Miguel Arcanjo Prado – Grandes construções vêm com grandes responsabilidades. Por exemplo, você é diretor executivo da ADAAP, que gere SP Escola de Teatro, que é uma escola que movimenta todas as artes cênicas do Brasil. Todo mundo passa por aqui em algum momento. Como lida com esse seu lado executivo?
Ivam Cabral – Eu acho que a gente se preparou para isso. Tanto o Rodolfo [García Vázquez, diretor e cofundador da Cia de Teatro Os Satyros com Ivam Cabral] quanto eu. A gente tem formação em administração de empresas antes do teatro, eu venho do mundo corporativo, o lugar que eu debutei no mundo é o mercado financeiro. Então, eu acho que ter esse conhecimento e saber transitar por tudo isso, acho que foi muito, muito, muito importante. Mas eu acho que os Satyros, desde o início, não surgiram para fazer teatro apenas. Porque as intervenções urbanas, por exemplo, estão já no início do nosso trabalho. E a gente sempre foi procurando outras coisas. Então, Os Satyros não ficou só no teatro, ele foi pro cinema, ele foi para a literatura, ele foi para a música, ele foi para a educação bem antes da SP Escola de Teatro surgir. A gente já estava em movimentos que já iam em direções opostas à do teatro, porque a gente sempre se imaginou como a gente é hoje. Eu acho que esse é o nosso papel, na verdade, é entrar de verdade na alma da sociedade, dos entornos e modificar o que a gente acha que precisa ser modificado.
Miguel Arcanjo Prado – Muitos artistas, Ivam, quando constroem uma trajetória potente como a sua, se encastelam. Percebo que você está sempre com o pé no chão, perto do novo, perto do jovem. Você faz questão de estar em contato com o que está por vir?
Ivam Cabral – Sempre, totalmente. O teatro para mim não foi um espelho egóico, como em geral acaba sendo. Eu pensei nisso, por exemplo, nesse momento onde a psicanálise acaba tomando um lugar na minha vida até maior do que eu imaginava. Não pensava que fosse chegar no lugar onde eu estou agora para suportar, na verdade, essa condição do artista que não quis, não quer e não quererá trabalhar, simplesmente, um nome, uma postura, um lugar. Eu nunca reivindiquei isso, sabe? E a gente tem trabalhado isso muito dentro dos Satyros. Não ter exatamente o protagonismo, não ter o primeiro ator, a pessoa mais importante, trabalhar a ideia do coletivo. Cara, eu me emociono pra caramba assim quando eu vejo, por exemplo, agora, você sabe, que 33 atores e intérpretes resolvam se entregar, viajar, voar para uma ideia que a gente sonhou, que é As Bruxas de Salém, que você viu e fez uma crítica tão importante. Então, o lugar que eu queria, era um lugar tímido, um lugar na Praça Roosevelt, um espaço para 60 pessoas que pudessem chegar ali. E partilhando nossos sonhos e nossos anseios. Entende?
Miguel Arcanjo Prado – Entendo. E falando dos Satyros, qual é o peso que essa companhia tem na sua vida? Porque ela se misturou à sua vida,dos 60 são quase 35 de Satyros.
Ivam Cabral – O Satyros é fruto do amor. Rodolfo [García Vázquez] e eu sempre cuidamos do Satyros como um filho. Acho que essa é a grande diferença. A gente falou sobre isso em Divinas Palavras. A peça mostrava a história de uma mulher que tem um filho que é deficiente físico, ela morre e a herança que ela deixa é aquele filho, porque ele é a fonte de renda dela. E, naquele mundo miserável, ela tem muito mais dinheiro que todos os outros, porque ela tinha aquele filho, que ela podia explorar esse filho, que é o Laureano. E eles combinam que segunda, quarta e sexta fica com um, quinta e sexta fica com outros e domingo a gente alterna. Até que a Mari Gaila pega o menino e não devolve, porque ela começa a ganhar dinheiro com o menino. Ela vai sair com o menino pelo mundo lá fora. E, na nossa adaptação, a gente levou muito a sério mundo afora. E nessa peça, esse menino ia até para Nova York, ia se apresentar no Radio City, ia para Paris, ia para sempre sendo explorado por essas culturas e por essas pessoas. A gente tinha noção ali de que o Lauriano era o Satyros. e eu e o Rodolfo éramos aquela turma da Mari Gaila. Mas, obviamente, que a gente acabou, a gente não fez isso, não cedeu e fazia parte do nosso pacto, do nosso projeto, não ceder. Mas eu acho que é isso. Acho que ter o Satyros como filho fez toda a diferença, é fruto de um amor. Então, ele é pensado diariamente, gestado diariamente para novos projetos, novas coisas, porque a gente também já virou avô. Esse Satyros também já deu um monte de frutos, já muitas coisas aconteceram.
Miguel Arcanjo Prado – O que essa parceria com o Rodolfo García Vázquez representa nos seus 60 anos de vida?
Ivam Cabral – Eu tinha 24 anos quando conheci o Rodolfo. Vamos completar 35 anos juntos. O Rodolfo é meu maravilhamento. A juventude do Rodolfo é infindável. Quando estávamos lendo As Bruxas de Salém, ele trabalhava até meia-noite e acordava às 4h porque está dirigindo uma peça na Suécia pela internet. Depois, seguia fazendo as coisas dele até 20h, 21h, dar aula na SP Escola de Teatro e fazer um monte de coisas. Eu brinco com Rodolfo: Eu preciso interditar você, porque é demais. Ele é assim e eu sou muito agradecido. É interessante que o Rodolfo fez 60 anos ano passado. Foi maravilhoso, porque ele meio que antecipou o susto de chegar aos 60. Então, chegar agora aos 60 com a experiência do Rodolfo, tá tudo certo.
Miguel Arcanjo Prado – Você tem uma questão muito forte que é se relacionar com as pessoas olho no olho. Nunca ninguém atravessa muita gente para chegar a você, porque você é muito dado às pessoas. Você gosta de estar no meio onde tudo acontece?
Ivam Cabral – Agora há pouco pensava sobre isso. A minha carteira de trabalho desapareceu, e daí eu ficava procurando, ficava procurando, até falei José Paulo, meu secretário, se ele sabia onde estava minha carteira de trabalho. E ele falou “Está aqui nesse armário”. Então, ele me deu a carteira, e era só para eu levar para minha casa e guardar. Enfim, eu abro e está o meu contrato assinado pelo Contardo Calligaris [psicanlaista, 1948-2021, que foi presidente do conselho da Adaap, gestora da SP Escola de Teatro, da qual Ivam Cabral é cofundador]. Daí eu pensei, quantas pessoas teriam esse privilégio de ter um contrato de trabalho assinado por um dos caras mais incríveis que eu conheci na minha vida? Eu acho que talvez eu deva ser o único, porque um psicanalista não tem empregados, não tem recepcionista. Enfim, pensei sobre isso, mas ali, meio que olhando para minha carteira e vendo a assinatura do contrato, que era muito bonito, inclusive, eu falei: ‘caramba, os graus de separação entre mim e o Lacan é só o Contardo’. Porque ele foi orientado pelo Jacques Lacan [1901-1981]. Fiquei pensando aas pessoas brilhantes que eu tinha conhecido, enfim… Acho que eu me pareço muito com o Rodolfo nesse sentido. Eu tenho curiosidade pelo outro, sabe, pelo humano. E talvez por isso cheguei à psicanálise do jeito que eu cheguei. Eu tenho curiosidade, sim. Eu quero saber. Eu quero tocar, eu quero interferir, Eu quero borrar minha biografia, na qual eu constantemente sinto isso. Sempre quando eu vejo uma pessoa interessante. Claro, eu preciso achar muito interessante. Claro, eu preciso me apaixonar pela pessoa, pelo trabalho, pela história. E daí eu acho que eu consigo me transformar. Mas eu acho que eu sou um cara muito feliz nesse sentido, porque eu conheço muita gente legal. O Satyros e agora o Cine Satyros Bijou são frutos dessa inquietação.E você ainda vai nos encontrar seguramente em vôos muito altos no cinema. Só dê um tempinho.
Miguel Arcanjo Prado – E como é ser psicanlista e encarar uma nova profissão aos 60?
Ivam Cabral – Na verdade, eu faço psicanálise desde os 20 e poucos anos. Então, nas três vezes em que eu trabalhei como paciente, isso acho que somam mais de 15 anos sendo analisado. Eu sabia que um dia eu atenderia, não sabia como. Desde 2010, eu comecei uma formação mais a sério, mas também não sabia onde ia dar. Enfim, eu fui fazendo cursos, pós graduação e especialização, enfim. E eu estava no meio de uma especialização com o pessoal da USP em 2021, início de 2021, quando me convidaram para integrar um projeto chamado APOIAR, que é um projeto do Instituto de Psicologia da USP, que não estavam dando conta por causa da pandemia e estava todo mundo precisando de terapia. E pela primeira vez eu fui pro consultório. Então, eu fui atender e entre 2021 e 2022, eu fiz mais de 1.000 horas de atendimento. Então, eu passei a pandemia trabalhando muito. Eu trabalhava na SP Escola de Teatro, eu fazia peça de teatro no Satyros Digital e estava atendendo. Quando voltou a vida normal, já havia nascido o Ivam psicanalista, porque eu continuei atendendo sempre on-line e daí me pareceu óbvio que eu tivesse o meu espaço, mas a responsabilidade foi do Sérgio Zlotnic [psicanalista], que você conhece. Eu só liguei para ele para saber: ‘Eu eu pensando em abrir um consultório”. E ele fala que tem uma amiga que também está fazendo isso, que tinha uma sala. Aí fui lá conhecer e surgiu o meu consultório. Hoje, eu estou muito envolvido. É um teatro expandido, é um espaço de reflexão.
Miguel Arcanjo Prado – E a sua relação com os bichos e a natureza?
Ivam Cabral – Tudo isso é muito recente na minha vida. O Chico e a Cacilda [cães do ator], eles têm a idade da psicanálise na minha vida. Foi exatamente em 2010, 2011. A Cacilda chega em 2010 e o Chico em 2011, que é quando eu começo a estudar mais. Então é um trajeto construído juntos e Parelheiros [onde Ivam tem uma casa à beira da represa] surge nesse momento. Chico e Cacilda cuidam de mim. Tanto que eu digo, se eu pudesse voltar no tempo hoje, tivesse 17, 18 anos, eu acho que eu não faria teatro. Eu acho que eu ia fazer biologia, cara, porque eu nunca tinha imaginado de verdade essa relação entre natureza e humano. E o Chico e a Cacilda me mostraram, me revelaram, um mundo muito feliz, inacreditável e surpreendente. Eu parei tudo por causa deles. Por exemplo, hoje o Chico está doente, a Cacilda morreu no ano passado. Cara, eu não vou mais ao teatro, cinema, não deixo ele sozinho. O Chico sozinho eu não deixo, então é minha prioridade, sabe? É um filho, e da mesma forma que o Satyros é nosso filho, que temos de cuidar. O Chico acaba sendo. Ele está indo embora e a gente sabe disso. Eu quero que ele vá embora com a maior ternura do mundo, e de verdade que eu vou chorar pouco. Eu vou chorar, por vai ser muito difícil, mas que ele vá com a certeza de que teve muito, mas muito amor. Que foi muito cuidado.
Miguel Arcanjo Prado – Você conhece o mundo. Mas, os animais te levaram a um mundo novo, mais da física quântica, da natureza, do universo reflexo, não sei bem que nome tem.
Ivam Cabral – Não conhecia esse mundo. Nada do que eu vi na China, no Japão, em Bangkok, em Londres. Nem quero falar de Nova York e tal. Nada disso refletiria o que é tudo que eles me mostraram, porque é um amor incondicional. Quem não sabe amar incondicionalmente, não ama. Eu acho que a gente pode encontrar até um outro nome para esse tipo de sentimento, mas não é amor. Porque esse amor é sem troca, é sem memória, ele é sem desejo, ele é porque é. Ele acontece por causa daquela relação, e ele não tem explicação. É religioso, é espiritual e não está em Nova York, em Paris, não está em lugar nenhum.
Miguel Arcanjo Prado – E qual é a sua relação com a religião? Você acredita em Deus?
Ivam Cabral – Acredito em causa e efeito. Acho que o budismo é a religião que mais se aproxima assim das minhas questões, mas que é causa de efeito. Acho que esse Deus que você me perguntou não, eu não acredito nele dessa forma como disseram para a gente. Mas certamente eu acho que existe aí uma força maior, muito maior, que é causa e efeito: o que você vai fazer, você vai colher. E a natureza me ensina isso todo dia. Parelheiros me ensina isso todo dia. Se eu plantar vai nascer flor, se eu cuidar dessa planta.
Miguel Arcanjo Prado – Se não regar, ela morre.
Ivam Cabral – Exatamente.
Miguel Arcanjo Prado – O que vai ser dos 60 pra frente?
Ivam Cabral – Quero fazer muita coisa. Eu quero fechar a trilogia que eu fiz, das Revelações, que começou com Todos os Sonhos do Mundo e que veio com 1991 ou A Imperfeição do Amor. Esse é um projeto que deve acontecer daqui a pouco. Ele já está sendo gestado. Eu acho que a gente vai intensificar muito o cinema nas nossas vidas. Helena Ignez me inspira inspira com sua vivacidade. E a Helena se tornou a diretora potente que a gente conhece recentemente, aos 70 anos. Então, ela é uma fonte de inspiração muito grande e eu acho que é esse o caminho que eu quero. Fazer muito cinema. Por isso que eu fiz a promessa para você. Me aguardem. Mas, óbvio, a gente vai estar aqui nos Sayros. Cara, se eu ganhasse hoje na loteria sozinho 40 milhões, eu continuaria morando onde eu moro, eu continuaria dirigindo SP Escola de Teatro e tendo os Satyros. Eu acho que eu tenho uma vida bacana, tá tudo certo. Não estou na Praça Roosevelt sonhando com o Procópio Ferreira. Estou onde eu quis estar, sou muito agradecido.Quero fazer muita coisa. Eu quero fechar a trilogia que eu fiz, das Revelações, que começou com Todos os Sonhos do Mundo e que veio com 1991 ou A Imperfeição do Amor. Esse é um projeto que deve acontecer daqui a pouco. Ele já está sendo gestado. Eu acho que a gente vai intensificar muito o cinema nas nossas vidas. Helena Ignez me inspira inspira com sua vivacidade. E a Helena se tornou a diretora potente que a gente conhece recentemente, aos 70 anos. Então, ela é uma fonte de inspiração muito grande e eu acho que é esse o caminho que eu quero. Fazer muito cinema. Por isso que eu fiz a promessa para você. Me aguardem. Mas, óbvio, a gente vai estar aqui nos Sayros. Cara, se eu ganhasse hoje na loteria sozinho 40 milhões, eu continuaria morando onde eu moro, eu continuaria dirigindo SP Escola de Teatro e tendo os Satyros. Eu acho que eu tenho uma vida bacana, tá tudo certo. Não estou na Praça Roosevelt sonhando com o Procópio Ferreira. Estou onde eu quis estar, sou muito agradecido.
Fonte: Blog do Arcanjo