Foto: Capa do livro “Os Satyros”
Um dos grandes entraves do teatro nacional é a falta de memória, de registros que narrem como a arte evoluiu ao longo dos anos. Aos poucos, um exemplar ou outro está entrando para as prateleiras para tentar cumprir essa função, preenchendo uma lacuna para as próximas gerações.
É o caso de “O Teatro do Ornitorrinco” (Imprensa Oficial, 524 págs. R$ 185), organizado por Christiane Tricerri e do recém-lançado “Os Satyros” (Imprensa Oficial, 364 págs., R$ 100), de Germano Pereira e Aimar Labaki. O livro foi escolhido como o melhor na categoria de Artes na última edição do Prêmio Jabuti e reconta os 20 anos de uma das principais companhias de teatro da atualidade.
O grupo foi fundado por Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez que assinam todas as montagens até hoje. Na maioria, os espetáculos tratam de temas políticos e sociais com encenações “chocantes”, como bons alunos da escola de José Celso Martinez.
No livro, Germano (ator da companhia) e Aimar retomam as principais peças dos Satyros a partir de uma fotobiografia acompanhada por trechos dos textos encenados e críticas publicadas na época. A edição privilegia as imagens que vem sem legenda, mas na parte escrita fica faltando um apontamento com o autor, veículo e o ano da publicação – essas informações estão reunidas na parte final só.
“Os Satyros” traz 44 espetáculos, como os celebrados “A Filosofia na Alcova”, de 1993 (com releitura em 2003), “Sappho de Lesbos”, de 1995 (remontado em 2001) e “Divinas Palavras”, de 2007.
Além da relevância para o teatro contemporâneo, com propostas de linguagens arrojadas, a companhia Os Satyros – que estreou em Curitiba, passou por uma temporada em Portugal para então voltar ao Brasil –, seguido pelos Parlapatões, foi responsável pela revitalização da Praça Roosevelt, no centro de São Paulo. Juntos os dois coletivos deram novo fôlego ao cenário paulista.
Fonte: Estela Cotes. Colherada Cultural, novembro de 2011
