Celebrando o aniversário de 30 anos, evento reúne remontagens de peças online e históricas
Marina Lourenço
Em clima de festa, o Festival de Teatro de Curitiba comemora 30 anos de existência, na sua primeira edição presencial desde o começo da pandemia. Com início nesta segunda (28), o evento traz uma série de peças e vai até o dia 10 de abril.
Nomes como Mateus Solano, Vladimir Brichta, Júlia Lemmertz, Denise Fraga, Guta Stresser, Luís Melo, Deborah Colker, Denise Stoklos, Nicole Puzzi, Rosana Stavis e Edson Bueno estão na programação, que reúne shows, oficinas, palestras, exibição de filmes, lançamentos de livros, debates, performances, estreias, pré-estreias e, sobretudo, remontagens de peças que marcaram o festival nessas três décadas.
Para Leandro Knopfholz, cofundador do festival, a edição consolida o retorno do teatro de carne e osso, depois de dois anos de sucessivos cancelamentos, adiamentos e experiências digitais.
Entre as estreias do evento, a principal é “G.A.L.A”, monólogo de Gerald Thomas que traz uma mulher, vivida por Fabiana Gugli, sozinha num barco à beira do naufrágio durante a pandemia.
Em entrevista à Folha no ano passado —quando “G.A.L.A” foi apresentada online, e com outra montagem—, Thomas definiu o espetáculo como autobiográfico e uma marca de seu “rompimento com Beckett”. A peça abre a 30ª edição do festival, na Mostra Lucia Camargo, a principal do evento.
Na lista das pré-estreias, há “Tudo”, de Guilherme Weber, e a tragicomédia “A Aforista”, da companhia Stavis-Damaceno, com dramaturgia de Thomas Bernhard.
Em “Tudo”, três fábulas se misturam . A primeira traz um grupo de funcionários imaginando que são deuses do Olimpo. A segunda mostra uma ceia de Natal onde os convidados discutem modernismo e pós-modernismo. E a terceira tem um escritor de livros infantis casado com uma mulher que teme intensamente a morte de seu bebê. A peça estreia oficialmente em junho, no teatro Sesi Firjan, no Rio de Janeiro.
Inspirado em Thomas Bernhard e dirigido por Marcos Damaceno, “A Aforista” é estrelado por Rosana Stavis e narra a história de três pianistas que vivem entre sonhos e frustrações. A estreia acontece em junho, também no Rio.
Entre os musicais, se destacam “A Hora da Estrela ou O Canto de Macabéa“, uma adaptação do clássico de Clarice Lispector com trilha original de Chico César, e “Cordel do Amor Sem Fim”, com direção, cenário e figurino de Gabriel Villela —enquanto o primeiro estreou este ano, o segundo é do ano passado.
O festival ainda traz remontagens históricas de sucessos como “O Casamento”, da companhia Os Fodidos Privilegiados, “Conselho de Classe”, da Cia. dos Atores, “Till, a Saga de um Herói Torto”, do Grupo Galpão, e “Pessoas Brutas“, dos Satyros.
“Resolvemos reapresentar ‘Pessoas Brutas’ no festival, porque a edição desse ano é muito emocional”, diz Ivam Cabral, coautor da obra e fundador dos Satyros. “Essa curadoria é como uma grande celebração ao passado.”
Cabral, que também aparece na programação com o espetáculo “Aurora”, lança “Entre o Nada e o Infinito”, no dia 8, na feira literária do festival, no centro da cidade.
Com tom intimista, o livro, que ele diz ser sua “grande empreitada do evento”, reúne vários relatos de seus diários, escritos entre 2009 e 2021.
Além de lançamentos literários, o festival traz shows, como os do rapper Emicida e da banda Blitz, performances ao ar livre e a mostra fotográfica “Viva! 30 Anos por Lenise Pinheiro”, que reúne mais de 400 imagens de todas as edições do evento, registradas pela fotógrafa, especializada em teatro.
“A edição deste ano está com um sabor especial”, afirma Pinheiro. “Já fiz outras exposições no evento, mas essa tem um caráter de registro histórico.”
30º FESTIVAL DE CURITIBA
Quando De 28 de março a 10 de abril
Preço Grátis a R$ 80
Link: https://festivaldecuritiba.com.br/
Fonte: Folha de São Paulo