Hoje, Contardo Calligaris faria aniversário. E eu mandaria flores e ele me telefonaria agradecendo. Me dizia sempre:
— Não gosto de aniversários, mas adoro suas flores.
Então a gente narcava um jantar, bebia vinho e conversava durante horas.
Coincidentemente hoje o Max, seu filho, me ligou. Falamos demoradamente e deu pra matar um pouco a saudade.
Durante quase 20 anos Contardo foi uma espécie de conselheiro. Falávamos sempre e muito. Nos divertimos bastante e fizemos muitas coisas juntos. A psicanálise, na minha vida, foi um presente seu.
— Você pratica a compaixão, um dos olhares mais importantes para um analista, me disse mais de uma vez.
Hoje, só penso em não decepciona-lo.
Edson Degaki, 2014