24ª edição do festival, que acontece entre os dias 12 e 15 de outubro, oferece intensa programação com teatro, dança, circo, performance, cinema, literatura, entre outras.
Os guarulhenses da Escola de Arte MuDat apresentam a peça Retratos Samaritana, no dia 15 de outubro, domingo, às 16h30, na SP Escola de Teatro – Sala Alberto Guzik (Praça Roosevelt, 210 – Centro), em São Paulo. A apresentação integra a programação da 24ª edição do Festival Satyrianas, que acontece entre os dias 12 e 15 de outubro com intensa programação com teatro, dança, circo, performance, cinema, literatura, entre outras.
Com roteiro e direção de Débora Mendes Duarte, Retratos Samaritana traz um olhar feminino sobre o encontro da samaritana com o messias, dando luz ao que aquela mulher vivia em um contexto que pouco favorecia a situação das mulheres da época. A peça aborda ainda o modo como esse encontro mudou sua perspectiva de vida.
Para conferir a programação completa do Festival Satyrianas, acesse https://satyrianas.com.br/.
Uma releitura sob a ótica feminina
É a primeira participação da Escola de Arte MuDat no festival. Em Guarulhos, Retratos Samaritana entrou em cartaz no ano passado, circulando por diversos espaços. “Nos meus estudos, conheci uma peça de Tennessee Williams, Fale Comigo Doce Como a Chuva, em que a personagem feminina tem muita voz. Fiquei pensando em outros momentos da história nos quais a mulher também teve voz. A partir de uma releitura sob a ótica feminina, nos baseamos no texto histórico da Samaritana para falar de uma mulher que foi silenciada e excluída pela comunidade onde vivia. A proposta é dar voz a essa personagem”, explica Débora.
Além de Débora Mendes, o elenco conta com os atores Herbert Moraes e, no som e Iluminação, com Camila Viana. De acordo com Herbert, os projetos realizados pelo Ministério de Arte Consagração, grupo de teatro da igreja metodista, foram se transformando nos últimos anos. O grupo existe há mais de 15 anos, mas nos últimos 5 anos ele passou por mudanças de propostas e objetivos.
“Sempre tivemos a proposta de trazer temas cristãos através da arte, então, usamos como referência musicais da Broadway, obras literárias adaptadas, como o Pequeno Príncipe para a peça Espelhos da Mente. Na peça O Tempo, por exemplo, ousamos trabalhar temas cristãos de forma ampla e universal, com a incursão de novas formas, e isso nos fez perceber que é possível comunicar nossa fé e espiritualidade sem estar apegados a clichês e estigmas que normalmente são associados à arte cristã”.
De acordo com Herbert, Retratos Samaritana também carrega esse espírito de inovação para comunicar sua mensagem, pois os símbolos que a adaptação do texto bíblico apresenta podem ser compreendidos independentemente da fé ou religião.
Em busca da transcendência da alma, redenção e evolução do ser
O grupo vive muitas emoções e expectativas em relação à participação no Festival Satyrianas. Em janeiro deste ano, Retratos Samaritana foi encenada pela primeira fez para um público e ambiente diferentes da igreja, durante o Festival Thumelê, na Biblioteca Monteiro Lobato. Isso exigiu que o texto passasse por algumas adaptações para que pudesse ter um tom mais amplo e universal. O resultado, de acordo com Herbert, foi muito positivo e rendeu muitas amizades durante os seis dias em que aconteceu.
“Depois da participação no Festival Thumelê, a Débora ficou motivada e decidiu inscrever a peça no Satyrianas, um passo a mais na nossa carreira. Confesso que bateu uma insegurança, sobretudo pelo preconceito que a classe artística tem em relação ao teatro cristão, que tem sido quebrado, principalmente pela Cia Nissi, que há dois anos ganharam o voto popular no festival Bibi Ferreira com a peça cristã Rua Azuza. Quem assiste a esse espetáculo e também a peça Hadassa percebe que ali há um conteúdo artístico feito com muita excelência, independente da crença demonstrada. Acho bonito que estamos conquistando mais esse espaço, tanto pelos artistas da cidade que representamos no evento quanto pelos cristãos em busca desse tipo de arte”, diz Herbert.
Para o jovem ator, que junto com Débora também é estudante da escola Incenna de Teatro TV, tanto a religião quanto a arte buscam a transcendência da alma, a redenção e evolução do ser. Nesse sentido, a liberdade artística do festival fomenta grupos e coletivos, tais quais o Ministério de Arte Consagração, a pensarem a cultura de forma ampla, o que faz com que o evento se caracterize como verdadeira incubadora de projetos.
“Estamos simplesmente muito felizes com tudo que está acontecendo, até porque o Satyrianas é uma porta que se abre para nosso trabalho. Abre portas para os alunos mostrarem seu trabalho, para grupos amadores, pessoas que estão iniciando, fomentando a cultura e dando visibilidade a muitas ideias e artistas que não teriam oportunidade, principalmente no nosso caso, que abordamos temáticas cristãs, é um nicho muito específico”, pontua a diretora Débora.
Sobre o festival Satyrianas
A maratona cultural Satyrianas – Uma Saudação à Primavera é considerado um dos maiores festivais de arte da América Latina, oferecendo inúmeros eventos de acesso gratuito em teatros e espaços públicos. Conta, em média, com a participação de mais de 5 mil artistas, oferecendo 600 atrações e atingindo um público de cerca de 50 mil espectadores, ao longo de 78 horas ininterruptas de programação.
Nas últimas edições, o Festival Satyrianas recebeu artistas e espectadores de diversos Estados brasileiros, com mais frequência do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná, Minas Gerais, Santa Catarina, Bahia e Amazonas; além de intercâmbios culturais promovidos pelo evento com instituições da Suécia, Cabo Verde, Finlândia, Portugal e Croácia.
A SP Escola de Teatro fica na Praça Roosevelt, 210 – Centro – São Paulo/SP.
Fonte: Guarulhos Cultural