ENTRE ALMANACH: SP Escola de Teatro lança livro em parceria com Universidade de Gdańsk, da Polônia

A SP Escola de Teatro, instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, gerida pela Associação dos Artistas Amigos da Praça (ADAAP), lança, em 16 de maio, a mais nova publicação editada pelo seu Selo Lucias: o livro “Entre Almanach”, um compilado de textos que refletem o fazer teatral em suas mais diversas formas. O livro é feito em parceria com a Universidade de Gdańsk, da Polônia, parceira que vem mantendo contato há anos com a SP Escola de Teatro, promovendo reflexões e trocas pedagógicas, e com a Universidade Federal de Goiás. O livro dá sequência aos anuários “Between.Pomiędzy” (cujo nome significa “entre”, em inglês e em polonês), editados na Polônia desde 2013. O lançamento acontece às 19h de 16/5, no hall da Unidade Roosevelt da SP Escola de Teatro (Praça Roosevelt, 210) e terá distribuição gratuita aos presentes. Depois, fica disponível para leitura e download no site da SP Escola de Teatro.

O livro é dividido em cinco partes: “Poesia”, “Between.Pomiędzy – Um ponto de encontro”, “Teatro no Brasil”, “Teatro na Polônia” e “Samuel Beckett, Jacques Lecoq, Peter Brook, Complicité e além”. Entre os temas abordados, estão escritas performativas, o diretor e dramaturgo irlandês Samuel Beckett, o teatro do Estúdio Lusco-Fusco, a literatura de Oswald de Andrade, o diretor Jan Klata, a poesia de Tadeusz Różewicz, o Teatro Laboratório na Polônia, a relação entre Beckett e psicanálise e o impacto da plataforma TheTheatreTimes.com.

Com organização de Ivam Cabral, Marcio Aquiles, Robson Corrêa de Camargo e Tomasz Wiśniewski, o livro-almanaque traz 33 textos de diversos pensadores do teatro: Tomasz Wiśniewski, Márcio-André de Sousa Haz, Maria Giulia Pinheiro, Jan Wiśniewski, S.E. Gontarski, Ronei Vieira Nogueira, Robson Corrêa de Camargo, Martin Blaszk, Katarzyna Pastuszak, Roksana Zgierska, Mariana Tagliari, Maciej Różalski, Luís Holiver, Andrea Carla de Miranda Pita, Evelin Reginaldo, Klaudia Łączyńska, Katarzyna Kręglewska, Joanna Lisiewicz, Małgorzata Woźniak, Adam Mickiewicz, Wang Chong, Peng Tao, Fay Lecoq, Jos Houben, Marcello Magni, Magda Romanska e Kasia Lech. Também escrevem para o livro Ivam Cabral, diretor-executivo da SP Escola de Teatro; Beth Lopes, coordenadora pedagógica da Escola; e Marcio Aquiles, responsável pelos projetos internacionais e parcerias.

Impacto da publicação

No prefácio do volume, Marília Marton, secretária de Estado da Cultura, Economia e Indústria Criativas, reflete sobre a importância desse novo lançamento do Selo Lucias: “O ‘Entre Almanach’ é um testemunho da força dessa profícua parceria internacional e do valor da colaboração entre diferentes culturas e tradições teatrais. A parceria cultural com a Polônia aproxima duas nações com ricas tradições artísticas e históricas. Essa colaboração promove o intercâmbio de conhecimentos, fortalece laços diplomáticos e enriquece a produção cultural de ambos os países. Por meio dessa aliança, compartilhamos experiências, ampliamos horizontes e celebramos a diversidade, contribuindo para um mundo mais conectado e enriquecedor”, diz a gestora.

Já Tomasz Wiśniewski, um dos organizadores do livro, analisa: “Um almanaque permite uma combinação de escritos de todos os tipos: poemas originais e traduzidos, narrativas, peças dramáticas curtas, conversas, entrevistas, ensaios, artigos acadêmicos e memórias pessoais. Seu poder de combinar ‘pedaços e peças’ heterogêneos em um todo coerente continua sendo um milagre para mim. Até agora, publicamos volumes em inglês e polonês, e alguns deles incluíam traduções de textos de autores brasileiros. Mas não pudemos resistir à tentação oferecida por Ivam Cabral e Marcio Aquiles de entrar em um novo tipo de colaboração. Após uma troca teatral simbolicamente provocada por Zbigniew Ziembiński, muito tempo atrás, em 1943, o velho Zimba, todos concordamos com a sugestão de Robson Corrêa de que o Almanach também deveria ser publicado no Brasil e em português”.

 

Parceria

A associação parceria da SP Escola de Teatro com a Universidade de Gdańsk se iniciou em 2022, quando os professores daquela instituição Tomasz Wiśniewski e Martin Blaszk ministraram um curso na SPET e ficaram encantados com os estudantes e o sistema pedagógico. A ponte entre as duas instituições de ensino resultou, antes deste “Entre Almanach”, na publicação de artigos acadêmicos na Europa escritos por profissionais da SPET. Ivam Cabral e Marcio Aquiles escreveram juntos “Teatro e justiça social no Brasil: o caso da Escola de Teatro de São Paulo” para a publicação Rozproszenie – Almanach Between.Pomiędzy 2023. Já Rodolfo García Vázquez, coordenador da linha de Direção da Escola, publicou “Formas de tecnopresença no palco. Experiências brasileiras do Teatro Os Satyros e da SP Escola de Teatro” na publicação Tekstualia. Os dois textos atestam a relevância acadêmica do projeto e gestão da SP Escola de Teatro no âmbito da pesquisa de teatro e gestão teatral, não só no Brasil, mas no exterior.

 

Sobre o Selo Lucias

O selo Lucias é uma iniciativa da Associação dos Artistas Amigos da Praça (ADAAP). Tem como programa editorial a publicação de livros no campo das artes (teatro, dança, cinema e literatura), da pedagogia, das ciências sociais e da psicanálise. Homenageia, na raiz de seu nome, a professora, jornalista e gestora cultural Lucia Camargo (1944-2020), que foi coordenadora da Escola, e o expande ao plural, pela vocação da ADAAP pela coletividade e pelo múltiplo. O grupo que compõe a coordenação editorial do selo é composto por Ivam Cabral (diretor executivo), Beth Lopes, Elen Londero e Marcio Aquiles. Entre as publicações do Selo Lucias, estão os volumes “Teatro de Grupo” e “Teatro de Grupo em Tempos de Ressignificação” e os livros “Memórias do Cine Bijou” (Marcio Aquiles), “Athos Abramos – O Crítico Reencontrado” (Alcione Abramo e Jefferson Del Rios – Org.) e três volumes do Prêmio Solano Trindade de dramaturgias negras.

 

Sobre a SP Escola de Teatro e a ADAAP

Inaugurada em 2010, a SP Escola de Teatro é uma instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, gerida pela Associação dos Artistas Amigos da Praça (ADAAP). A ADAAP é uma Organização Social e exemplo do modelo de gestão de Políticas Públicas que vem sendo implantado pelo governo do Estado desde 2004, com base na Lei Complementar n° 846/98 e no Decreto Estadual nº 43.493/98. Através da publicização, ou gestão pública não estatal, serviços e atividades públicas são geridos por meio de parcerias entre o Estado e o terceiro setor. A ideia de organização da SP Escola de Teatro tomou forma em reuniões de profissionais vinculados a grupos e espaços culturais da região central de São Paulo, principalmente da Praça Franklin Roosevelt – espaço revitalizado nos anos 2000, e que hoje funciona como uma espécie de epicentro da produção artística paulistana. Os grupos que ali se fixaram contextualizaram a geografia da região. Desde a revitalização da praça, esses coletivos ocupam salas alternativas e firmam parcerias com alguns moradores e comerciantes dos arredores, contribuindo, decisivamente, para transformar as relações interpessoais num local até então tensionado pela violência urbana.

A Roosevelt é, atualmente, um símbolo da cena de arte da capital paulista. No seu entorno estão teatros, bares e restaurantes em sintonia com a cena cultural local. Alguns dos artistas que participam desse espírito agregador são os que assumiram o compromisso de criar e dirigir a SP Escola de Teatro. A Escola propõe novos desafios para o ensino das Artes Cênicas no Brasil. Com um modelo pedagógico ousado, o espaço toma como prismas da formação as sensibilidades e as potencialidades artísticas, humanas, críticas e cidadãs. O projeto de criação da Escola foi desenvolvido de 2005 a 2009 e se orienta a partir de três pilares: curso técnico, cursos de extensão e o Programa Kairós (atual Programa Oportunidades). Três eixos que alicerçam o funcionamento sistêmico dos setores da Instituição, contemplando diferentes ações artístico-pedagógicas. O aumento da produção teatral e a consequente demanda de mão de obra foram alguns dos impulsos que levaram ao surgimento da Escola, atenta à necessidade de iniciativas que democratizem o acesso da população à formação artística.

Motivada por seu objetivo simples e direto – “artistas que formam artistas”, define o slogan – a Escola articula propostas como, no plano social, a interface com estudantes contemplados com bolsas-auxílio, atitude que democratiza o acesso ao universo teatral para diferentes camadas da população; e, no sistema pedagógico, a exploração conjunta do terreno do conhecimento por docentes e estudantes. Ao ser aberta, em 2010, a SP Escola de Teatro teve como sua primeira unidade um prédio histórico no bairro do Brás, centro expandido da cidade. Erguido em 1913 e tombado como patrimônio histórico, o edifício já abrigou a Escola Normal do Brás, onde estudaram nomes como a escritora Pagu e a apresentadora Hebe Camargo. A segunda unidade da SP Escola de Teatro foi aberta em 2012, na Roosevelt. Em um dos principais pontos turísticos da capital paulista, a Praça Roosevelt, reconhecida pela cena teatral, o prédio recebe atividades pedagógicas e residências artísticas. Ele também possui quatro salas multiuso para apresentações da própria instituição e de grupos convidados, um estúdio de som e espaço para outros eventos culturais.

 

Fonte: Arte Cult

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