A dramaturgia brasileira vem perdendo, há anos, um elemento essencial para seu desenvolvimento. Em seus tempos áureos, a Sociedade Brasileira de Autores (Sbat) reunia e oferecia suporte aos maiores dramaturgos do País e servia de espaço para troca de ideias e fomento do ofício. Entretanto, o rumo das coisas começou a se alterar após várias fraudes, que enfraqueceram a imagem da instituição e causaram a saída de muitos associados.
Em 2005, numa tentativa de reanimar a organização, o diretor Aderbal Freire-Filho, junto com Alcione Araújo, Millôr Fernandes e Ziraldo, assumiu a casa. No ano passado, Alcione e Millôr morreram, dificultando ainda mais a missão.
O portal “O Globo” publicou, na terça-feira (26), uma entrevista com Aderbal, que recentemente tornou-se conselheiro da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco. Nela, o diretor explicita algumas das razões da crise e comenta até já ter dado R$ 100 mil, de seu próprio bolso, para salvar o futuro da Sbat. “R$ 10 milhões, valor que se gasta para montar um musical, salvariam a Sbat! Pagariam as dívidas e a deixariam com uma margem. Mas sou o comandante de um navio que está naufragando. Estou sozinho no leme”, disse, afirmando que, se até junho a situação não for revertida, desistirá da causa.
A luz no fim do túnel
Segundo Aderbal, uma de suas principais esperanças para a salvação da Sbat é a Associação de Amigos da Sbat (Aasbat), que acaba de ser criada em São Paulo, por Ivam Cabral, diretor executivo da SP Escola de Teatro; o próprio Aderbal; Lauro César Muniz, que é dramaturgo, autor e membro do conselho de administração da Associação dos Artistas Amigos da Praça (Adaap), organização que gere a Escola; o advogado Dinovan Dumas de Oliveira, e o ex-dramaturgo e diretor Alcione Araújo – que participou da concepção da organização, mas morreu em novembro de 2012.
O embrião da Aasbat, no entanto, remete a abril de 2012. No dia 14 daquele mês, a SP Escola de Teatro promoveu umaMesa de Discussão que reuniu Ivam, Aderbal e Lauro, além de Marici Salomão, dramaturga e coordenadora do curso de Dramaturgia da Escola, e a atriz e presidente do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões de São Paulo (Sated/SP), Ligia de Paula.
O tema do encontro era “Dramaturgia e Considerações Sobre o Reconhecimento (Legal) da Profissão”. Durante três horas, os participantes envolveram-se em um produtivo debate sobre a dramaturgia, cujo principal enfoque foram justamente as dificuldades da Sbat. “Acho que os novos autores têm de se apropriar dela, afinal, a geração que a fundou também era jovem e sentiu que era preciso criar a casa do autor”, disse Aderbal, na ocasião.
Foram levantadas várias questões sobre o assunto, mas ainda restava a dúvida sobre quais providências tomar. Depois de uma breve reunião, feita em uma pausa rápida na Mesa, Ivam Cabral voltou entusiasmado e com boas-novas: “São tão poderosos esses encontros que, após uma sugestão do Lauro, acabamos de criar a Associação dos Amigos da Sbat. Este é só o começo de uma discussão!”.
A partir desse encontro propiciado pela Escola, a relação entre os envolvidos se intensificou até que a Associação fosse, enfim, fundada. “Estamos muito preocupados com o rumo da dramaturgia no Brasil e, por isso, criamos a Aasbat. Agora, estamos buscando apoio e parceiros para captar fundos destinados à Sbat”, comenta, hoje, Ivam Cabral.
A luta começou. Resta a esperança de que a Sbat volte logo a ter a força de outrora. E que, como aconteceu em 1917 (a data de sua fundação) quando personalidades como Oduvaldo Vianna e Raul Pederneiras prestigiaram a inauguração da casa criada por Chiquinha Gonzaga e outros autores, sob presidência de João do Rio, seja acesa a luz de um caminho próspero para os autores deste País.
Fonte: Portal da SP Escola de Teatro, 28 de março de 2013
Desculpe a minha ignorância. Mas, por que é que a SBAT tem uma dívida tão grande?
Foram anos e anos de má gestão, Vagner. São dívidas federais e também com trabalhistas que vêm de décadas…
Trabalhei lá e só pra ter uma idéia não depositaram boa parte do meu fgts entre outras coisas. Eu ia nos teatros e era sempre mal recebido por culpa de má administração. Isso fora o ambiente de trabalho que um empurrava o serviço para outro, ninguém assumia responsabilidades e além de uma encarregada ditadora e manipuladora que tínhamos que aguentar…quem conhece sabe o que estou falando…