Primeira: Desalienação
O teatro tem de encontrar seu lugar na sociedade pós-industrial, não pelo mimetismo – teatro como cópia do social –, mas justamente por meio da sua não-presença – aquilo que foi negado ao homem da sociedade contemporânea, mas vive dentro dele.
O que vem sendo negado pela sociedade é a dimensão da dor, do prazer como experiência plena, da desalienação. Também é negado o artesanal, o não-lucrativo, o desinteressado. Essa deve ser a trilha de um teatro possível. Porque nela sobrevive a respiração fundamental do homem, a não ser esquecida jamais, porque nela sobrevive a arte do palco.
Voltemos, pois. Necessitamos da arte primitiva, que depende de corpos e respirações, suores e cheiros humanos, exalações e presença sensual.
Segunda: Crítico, Nunca Experimental
Crítico porque não afirma as bases da sociedade, mas busca destruir essas bases, para refazê-las naquilo que ela tem em potencial, mas luta por oprimir, por considerar perigoso à manutenção do status quo.
Crítico também porque não aceita a fórmula estética repetitiva no seu fazer, o que seria uma etiqueta de marketing para o artista.
Crítico também porque usa formas antimercantis de manifestar os conteúdos da arte. Negar criar o que se diz “natural” e negar assumir o que seria “identidade” significa, fundamentalmente, afirmar a liberdade.