- com Joaquim Gama
As propostas sobre a “descolonização” ou a “decolonização” dos currículos têm sido pauta das propostas pedagógicas e teatrais da SP Escola de Teatro. Compreendemos que a história tem muitas perspectivas. Reconhecemos, por exemplo, que os gregos inventaram o pensamento filosófico ocidental, mas não podemos acreditar que somente eles tenham a hegemonia do pensamento. Há uma herança eurocêntrica do conhecimento, epistemológica, que determinou maneiras de pensar, compreender e organizar o mundo, e que não podemos mais tê-la como absoluta.
Essa visão sobre a formação do artista tem como objetivo prosseguir com as proposições que a SP Escola de Teatro tem desenvolvido desde de 2010. Ou seja, compreendemos a história não como uma narrativa museológica, fundada estritamente na cronologia. Para nós, o teatro e, por conseguinte sua história, deve estar imbricado com o tempo dos estudantes. Dessa forma, nosso ponto de partida estará sempre vinculado à contemporaneidade das e dos estudantes.
É com base na experiência, em questões contemporâneas, que acionamos a tradição teatral. Desta maneira – e parafraseando Paulo Freire -, podemos dizer que compartimentar o conhecimento em disciplinas ou em grades curriculares, parece-nos mais um processo de aprisionamento e colonização do pensamento, do que de fato a ideia de conceber a educação como prática de libertação.
São dentro desses princípios, que temos mantido na SP Escola de Teatro o interesse pela dialética do conhecimento, pela historicização e a pluralidade do pensamento. Em nossa instituição, não acreditamos na história do teatro confinada em grades, mas confrontada, questionada, ampliada e revista do lugar onde nos encontramos.
* texto publicado originalmente em 21 de outubro de 2017; aqui, neste blog