A peça se passa em um futuro distópico, quando as pessoas já estão em quarentena há 5.555 dias e tentam reconstruir as vidas que tinham antes da pandemia. Isolados e angustiados, alguns amigos criaram um grupo na internet para tentar retomar o contato – algumas das pessoas que os personagens gostariam de reencontrar até já morreram.
Esta é uma maneira bonita que os Satyros criaram para homenagear os amigos da vida real que já partiram, como a atriz Maria Alice Vergueiro, o cenógrafo Carlos Colabone e o crítico Michel Fernandes, todos falecidos em 2020. O público não fica de fora dessa solenidade e também pode lembrar dos próprios amigos que morreram por conta da Covid-19.
O espetáculo trata de temas humanos acentuados pela nova realidade causada pelo coronavírus, como a depressão, a solidão, o medo do contágio, e a angústia pela proximidade da morte; e, como na maioria trabalhos da companhia, não podem faltar críticas ao contexto político brasileiro, como a necropolítica, o autoritarismo, a violência governamental, a injustiça social e o processo de deterioração dos pilares da democracia nacional.
Cheia de efeitos digitais impressionantes – além do uso de iluminação e figurinos tradicionais! – , “A Arte de Encarar o Medo” foi desenvolvida para ser encenada por meio do Zoom, usando boa parte dos recursos que essa plataforma de conferências oferece, como sobreposições de imagens, compartilhamento de tela, entradas e saídas de vídeo, entre outros. O trabalho nasceu de um processo criativo totalmente à distância, no qual os atores ensaiaram ao longo de dois meses direto de diferentes cidades brasileiras e até da Suécia, onde vive a atriz Ulrika Malmgren.
Ouça aqui a nossa Conversa Fática com o diretor Rodolfo García Vázquez sobre o espetáculo “A Arte de Encarar o Medo”:
Fonte: Fática Indica
