Aderbal-Freire Filho marcou os palcos com montagens épicas, dizem diretores

Diretor, que morreu nesta quarta, era conhecido pela força de suas encenações no palco e pela aproximação da literatura com o teatro

Morreu, na tarde desta quarta-feira (9), o dramaturgo carioca Aderbal Freire-Filho, aos 82 anos. Conhecido pela força de suas encenações no palco e pela aproximação da literatura com o teatro, o diretor estava internado desde que sofreu um Acidente Vascular Cerebral em 2020.

“Era um diretor de extrema importância pro teatro brasileiro, com uma identidade artística muito forte”, diz o ator e diretor Nelson Baskerville, fã de Freire-Filho. Ele lembra da adaptação de “Moby Dick”, clássico da literatura americana, feita pelo diretor em 2013 no Teatro Poeira.

Aderbal Freire-Filho foi um dos fundadores do curso de direção teatral na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), um dos primeiros no Brasil.
Posteriormente, participou ativamente da construção da SP Escola de Teatro, em São Paulo, como “conselheiro e mentor”, como relembra Ivam Cabral, ator e fundador do Teatro Satyros — uma das companhias de teatro experimental mais tradicionais da cidade.

Segundo Cabral, Freire-Filho foi “o diretor que mais friccionou o encontro entre tribos, pessoas e gêneros no teatro nacional”. “Ele gostava de misturar amadores e veteranos, gerações e culturas”, diz.

“Me marcou muito pelo caráter épico da montagem. Ele conseguiu reproduzir e conduzir para o público a imagem de baleia imensa, que não existia no palco”, lembra.

Marcello Drummond, marido de Zé Celso e agora presidente do Teatro Oficina, lembra da presença constante de Freire-Filho na plateia desenhada por Lina Bo Bardi, em São Paulo. “Ele vinha quase sempre ver as peças do Zé. Ele agitou o teatro no Rio de Janeiro”, comenta.

Drummond confessa ter sido marcado pela presença de palco do carioca, quando foi assistir uma peça dirigida por ele no Palácio do Catete, ainda em sua juventude, sobre a vida de Getúlio Vargas, na qual Freire-Filho representava o irmão do presidente.

“Ele se comunicava muito bem com a plateia. O teatro brasileiro está perdendo muitas pessoas, e muito rápido”, lamenta. (Alessandra Monterastelli/Folhapress)

 

Fonte: O Tempo

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