Tenho vindo a Cabo Verde quase que regularmente, desde 2013. Mas minha relação com o país é mais antiga. Explico. Dois ou três anos antes fui apresentado a Janaína Alves pelo João Branco, que já era meu conhecido. Ele, português nascido em Paris; ela, brasileira, do Piauí. Se conheceram nas tábuas do teatro Quatro de Setembro onde participavam do FestLuso, em Teresina. Apaixonaram-se.
Era 2010 e eu havia sido convocado para um encontro de artistas em Santiago de Compostela, na Galícia. Dentre várias delegações de vários países lusófonos, lá estavam a Jana e o João, que eu havia conhecido em Lisboa um ano atrás e que, lembro bem, tinha me causado uma bela impressão.
A verdade é que esta bela impressão que eu havia tido do João em Lisboa não se repetiu na Espanha. Porque tudo o que o João queria, nesta altura, era beijar a Janaína e que o esquecêssemos. Ele estava apaixonado – mas pensem numa pessoa muito, muito apaixonada mesmo – pela jovem atriz piauiense. E, juro, eu nunca antes tinha visto um casal tão apaixonado como os dois. Também nunca vi um casal se beijar tanto!
Perdoei os pombinhos quando entendi que o interesse por mim – e por todos os outros companheiros daquela viagem – tinha sido substituído por aquela paixão avassaladora. Afinal, eles tinham total direito pela privacidade. Eu penso que por amor vale tudo.
Mal sabia que depois deste encontro em Santiago de Compostela, os dois se tornariam íntimos meus. E acompanhei toda a saga da jovem atriz do Piauí que deixaria o Brasil para se casar e viver com o famoso encenador João Branco em Cabo Verde.
Não foi fácil para a Jana que naquele momento despontava no teatro e, críticos e público garantiam, era uma promessa.
A história teve, afinal, um desfecho lindo. Janaína Alves Branco é nome importantíssimo da cena teatral caboverdiana e do casamento dela com João nasceu a Isabel, quatro quilos e duzentos e sessenta gramas de gente, com a primavera, numa Satyrianas, no dia 22 de novembro, cinco anos atrás.
Pra história terminar mais linda ainda, João e Jana me chamaram para ser um dos padrinhos da Isabel, vejam só que bonito! O casal convidou três de seus melhores amigos para abençoar a pequena: Renato Lopes, Enano Torres e eu.
E, pela primeira vez em cinco anos, nos encontraremos os seis – Isabel, João, Jana e os três padrinhos – para uma cerimônia que acontecerá nos próximos dias no mar do Mindelo, na Ilha de São Vicente, onde vivem essa família que eu amo. Estaremos todos de branco para celebrar a vida da nossa abensonhada Isabel, nha cretcheu.
* na foto, tirada pelo Robson Catalunha, eu, Isabel e Jana