Cine Bijou e outros cinemas marcam a volta dos cinemas de rua. Veja vários cinemas que resistem ou abriram nos últimos meses
Denize Bacoccina
São Paulo já teve dezenas de cinemas de rua. Tanto que a região entre as avenidas São João e Ipiranga era conhecida como Cinelândia. E todos tinham salas enormes, alguns com até 2 mil lugares. A partir dos anos 1980 muitos migraram para os shopping centers, outros viraram igrejas, algumas salas foram demolidas e agora a cidade vive um movimento inverso: a abertura de cinema de rua, especialmente no Centro.
A volta do Cine Bijou, em janeiro de 2022, é um marco desse movimento. Veja aqui a matéria sobre a reabertura. Mas outros cinemas abriram depois, como o Cineclube Cortina e, na Liberdade, o Cine Sato.
Conheça alguns cinemas de rua no Centro de São Paulo.
Cine Bijou
Foi o principal cinema de arte de São Paulo, responsável pela formação de gerações de cinéfilos desde 1962, quando abriu, até seu fechamento em 1996. O espaço se consolidou como um ponto de encontro de cinéfilos, que podiam ver ali filmes europeus das décadas anteriores, e também um espaço de resistência, onde tinham acesso a filmes proibidos pela censura.
Em um livro recém-lançado, Memórias do Cine Bijou, o escritor Marcio Aquiles entrevista várias pessoas que frequentaram o cinema naquela época e falam sobre a importância que o local teve em sua formação cultural.
O cinema foi reaberto em janeiro de 2022 pela cia de teatro Os Satyros e agora se chama Cine Satyros Bijou – Sala Patrícia Pilar. A programação, com curadoria de Guilherme Marback, tem de lançamentos a clássicos do cinema europeu, em mostras temáticas especiais e o cinema vem se consolidando como um ponto de encontra de antigos e novos cinéfilos.
Praça Roosevelt, 172
Cine Marabá
Único remanescente de uma época em que a região tinha dezenas de salas de cinema, e era conhecida como Cinelândia, o Cine Marabá foi inaugurado em 1944. Em 2007 foi fechado para reforma e reaberto dois anos, com reforma assinada pelo arquiteto Ruy Ohtake e restauro de Samuel Kruchin. O prédio, tombado pelo Conpresp, órgão municipal de proteção ao patrimônio histórico e cultural, mantém (restaurada) a fachada em estilo eclético e o grande salão de entrada, com lustres e portas em couro. A sala principal, que tinha mais de 1 mil lugares, foi dividida, mas a boca de cena, com dois murais e decorações na parede, foi preservada.
O cinema, que hoje pertence à Playarte, tem cinco salas e programação dentro circuito da rede, e exibe apenas filmes falados em português (brasileiros ou estrangeiros dublados).
Av. Ipiranga, 757
Cineclube Cortina
Um antigo estacionamento deu lugar a um espaço multicultural e multiuso, que tem um cinema que vira balada no subsolo e um bar de drinques e restaurante no térreo. Leia mais e veja fotos nesta matéria: COMO É O CINECLUBE CORTINA, QUE JUNTA CINEMA, BAR E RESTAURANTE NUM ANTIGO ESTACIONAMENTO PERTO DA REPÚBLICA
O cinema tem poltronas de praia, removíveis, e a programação que mistura lançamentos com reprises de clássicos, além de mostras temáticas.
Rua Araujo, 62.
Cine Belas Artes
Um dos cinemas mais antigos de São Paulo ainda em operação, foi inaugurado em 1967 (mas no local já havia antes outro cinema, desde 1956) tem uma programação variada, com filmes de arte, clássicos do cinema e filmes contemporâneos de diferentes países. Nos anos 1980 ganhou a configuração atual, com seis salas menores, e já passou por várias crises que quase levaram ao seu fechamento definitivo.
Chegou a fechar em 2011, mas uma grande mobilização fez com que tivesse sua fachada tombada e reabrisse em 2014, com apoio da Prefeitura e da Caixa. Em 2019, após nova ameaça de fechamento, ganhou o patrocínio da cervejaria Petra.
A cafeteria do salão principal tem um balcão charmoso, que vale a pena chegar mais cedo para aproveitar.
Rua da Consolação, 2423
Espaço Itaú de Cinema
O atual Espaço Itaú de Cinema já teve vários nomes, seguindo o movimento do banco (surgiu em 1993 como Espaço Nacional, depois Unibanco e, com a fusão com o Itaú, ganhou o nome atual) que o patrocina, mas sempre permaneceu como um espaço para os apreciadores de filmes fora do circuito tradicional, um ponto de encontro de cinéfilos. Com três salas, tem ainda um saguão com cafeteria e uma livraria.
Na verdade, esse espaço tem uma história ainda mais antiga: ali funcionou, a partir de 1947, o Cine Majestic, entre 1967 e 1985 o Majestic Cinerama, com uma tela neste formato e, até 1992, o Gaumont Majestic. Antes da reforma que dividiu a sala em três, a capacidade era de 1.300 lugares.
Do outro lado da rua, um casarão com jardim e cafeteria no fundo sedia o Anexo, com duas salas – que corre o risco de fechar com a venda do imóvel para uma construtora.
Rua Augusta, 1475 (o principal) e 1470 (o anexo).
Sato Cinema
Na Liberdade, o Sato Cinema abriu em julho de 2023 e vem para suprir a demanda cada vez maior por cultura asiática na cidade de São Paulo. Instalado dentro do Bunkyo, Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social, numa parceria entre a Sato Company com a Bunkyo, o cinema foi ocupa uma sala de 1.100 lugares dentro do Museu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil, e destoa das salas de cinema de rua, geralmente pequenas.
Fundada em 1985 como distribuidora de filmes para homevideo, a Sato Company, com o tempo passou a atuar também nas áreas de cinema, televisão, vídeo on demand, licenciamento de produtos e produção de conteúdos (filmes, séries e outros formatos). No cinema, vai exibir parte do seu acervo, especializado em cultura asiática. O espaço tem ainda uma área de exibição de armaduras de heróis asiáticos como Jaspion, Jiraiya, Kamen Rider Back e Kamen Rider Black RX.
R. São Joaquim, 381
Fonte: A Vida no Centro