A SEMANA, DE CABO VERDE, FALA DESTAS TERRAS DE CABRAL

Blogger brasileiro considera Mindelact “um dos principais festivais do mundo”

Ivam Cabral, uma das figuras pujantes do teatro brasileiro, considerou o Festival Internacional de Teatro do Mindelo (Mindelact) um dos principais eventos do género no mundo. Num longo artigo publicado no seu blogue, explica que participou recentemente, na Galiza (Espanha), no “III Encontro Internacional de Políticas de Intercâmbio no âmbito das Artes Escénicas”, promovido pela Cena Lusófona e Centro Dramático Galeto, onde ficou a conhecer experiências fascinantes e inspiradoras como a do Mindelact.

O blogger diz que conheceu João Branco, presidente da Associação Artística e Cultural Mindelact, que há 19 anos realiza o festival em São Vicente e já recebeu, por exemplo, a Companhia de Peter Brook. “Mas o trabalho de João Branco vai muito além. Em busca de uma identidade, tem traduzido para o crioulo cabo-verdiano clássicos importantes da literatura dramática universal. Para que tenham uma pequena ideia, o crioulo cabo-verdiano, embora com léxico e fonologia oriundos do português, ainda não tem um único sistema de escrita definido”, revela.

Sobre o encontro da Galiza, Ivam Cabral indica que participaram oito países: Portugal, Espanha, Cabo Verde, Angola, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Moçambique e Brasil. O blogger fala da crise que assola a Europa, mas garante que Portugal e Espanha seguem o seu curso com parâmetros e paradigmas que se assemelham aos do Brasil: “Encontramos processos conhecidos: o Estado define o valor de um subsídio para a cultura, faz sua distribuição e as coisas vão se encaixando”, relata.

Admite que, por causa da crise, teatros fecharam as portas, companhias desfizeram-se, mas existem ainda, diz, muito colectivos sem subsídio, tentando um lugar num espaço cada vez mais competitivo e fechado. “Sabemos, o teatro acaba – a duras penas, é verdade – encontrando seu curso e definindo suas dimensões. Ademais, o povo do teatro encontra, mais cedo ou mais tarde, espaços para vociferar e imprimir suas percepções. É assim em todo o mundo”, assevera, aproveitando ainda para destacar as experiências da Guiné-Bissau e de Moçambique.

Fonte: A Semana, Cabo Verde, 8 de dezembro de 2012

Ator, roteirista e cineasta. Co-fundador da Cia. Os Satyros e diretor executivo da SP Escola de Teatro.
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