A cerimônia de adeus que trouxe a Páscoa mais linda do mundo inteirinho

Antonia e Marcolina foram duas gatas maine coons lindas que viveram com a gente. Viveram pouco, infelizmente. Antonia, por cinco anos; Marcolina, por três. Eram os seres mais lindos deste planeta. Antonia teve uma espécie de leucemia – o diagnóstico nunca foi conclusivo –, e Marcolina morreu de um ataque fulminante do coração.

Marcolina disse adeus em novembro de 2018. Antonia, em outubro de 2019. As duas foram cremadas e suas cinzas ficaram em caixinhas, que me acompanharam nesse tempo todo.

Então, desde sempre pensei que deveria devolvê-las à natureza. É assim que gostaria que fizessem comigo. Mas tinha que ser um dia marcado, com uma cerimônia, pequena que fosse, mas especial. Combinei, então, com o Rodolfo que este dia seria neste domingo de Páscoa. Dez horas da manhã.

Ontem, quando nos preparávamos para a cerimônia, uma reviravolta aconteceu em nossas vidas. Assim, de repente, na madrugada deste domingo, SETE cachorros apareceram por aqui. SETE! Mas nesta manhã, vieram mais QUATRO. Neste momento, ONZE cachorros estão aqui em casa, vindos de um resgate que mais pareceu um filme de ação.

Assim.

Ontem à noite soubemos que uma Montana branca, com placas adulteradas, abandonou DOZE cachorros na estradinha, ao lado de casa. E os mocinhos e as mocinhas saíram sem rumo pela estradinha. No grupo de WhattsApp do residencial começaram a surgir as notícias. Eu e Rodolfo ficamos desesperados. Mas “As Mariposas”, a peça que trabalho de quinta a domingo, estava prestes a começar. Então, entre a preparação e apresentação do espetáculo, fomos recolhendo nossos amiguinhos. Fomos dormir com SETE novos hóspedes.

Mas hoje, domingo de Páscoa, era dia de adeus. Às 10h da manhã, lá fomos eu, Rodolfo, Chico e Cacilda, para a cerimônia das nossas felinas mais amadas. E foi bonito demais.

O sol já se encontrava vibrante, havia uma brisa suave. Rodolfo primeiro ficou com as cinzas da Marcolina; eu, com as da Antonia. Caminhamos pelo gramado, pelas águas, pela mata. E as nossas queridas foram sendo devolvidas à natureza. Depois, trocamos. Eu fiquei com o que sobrava das cinzas da Marcolina e o Rodolfo com as da Antonia. E assim se cumpriu o nosso ritual. Leve, como se devia ter sido.

Voltamos pra casa e vida parecia explodir pelo nosso quintal. Afinal, haviam SETE peludos que balançam seus rabinhos pelo jardim.

Foi quando recebemos a notícia de que mais QUATRO cachorros haviam sido encontrados. E lá fomos nós. Infelizmente, dos DOZE abandonados, um deles foi atropelado e morreu. Mas. Agora, ONZE estão conosco neste momento.

No dia do adeus derradeiro, a vida parece ter se reinventado por aqui. Marcolina e Antonia reapareceram em forma de vida. Como terminará essa história? Não consigo imaginar. Mas precisarei de vocês. Na terça, já combinei, uma senhora vizinha vem com seu pet móvel aqui para banhar esses ONZE peludos. Então farei fotos lindas e vamos procurar por adotantes. Que sejam especiais e que possam cuidar dessas mocinhas e desses mocinhos com o amor que elas e eles merecem.

E a Páscoa? Totalmente reinventada. Com amor e futuro, como sempre deveria ser. Feliz Páscoa, pessoal.

Ator, roteirista e cineasta. Co-fundador da Cia. Os Satyros e diretor executivo da SP Escola de Teatro.
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