Aos 33 anos, a atriz Maria Casadevall decidiu que a militância por causas sociais é parte crucial de sua vida. Por isso, tem convivido com pessoas mais jovens e de outras realidades sociais como forma de abrir seu pensamento e evoluir.
“A maior escola desse momento tem sido me colocar em estado de escuta dessa geração. É uma geração que é fruto de uma consciência e de uma série de ações políticas que estão surgindo”, pontuou em vídeo em sua rede social.
“Um ponto em comum que eu vejo em todas as lutas, seja na questão de gênero, de raça, de classes, feminismo, feminismo trans, que é o que eu tenho escolhido militar, é a luta anticapitalista”, disse.
“O sistema está construído sobre bases que são racistas e classistas. Se a gente não olha para essa questão de produção de consumo, sobre a cultura de maneira geral, a gente acaba fazendo um debate limitado”, pontuou.
Maria crê que a vida artística deve abraçar tais lutas. “É importante que as narrativas possam ser plurais. A gente vive a ditadura da narrativa única, seja em relação a branquitude, mas também a gente corre o risco da narrativa da negritude única e a negritude é muito diversa. Dentro da negritude existem muitas diferenças”, falou.
Ela ainda questiona o sistema que “produz invisibilidades”. E explicou por quê: “Eu percebo que a luta anticapitalista me parece que tem que ser um pano de fundo para todas as lutas que queiram realizar mudanças efetivas. Esse sistema produz invisibilidade e isso não é mais possível”.
Por isso, participou de live com a educadora Luna Brandão no projeto Revolução do Amanhã, focado em questões de desigualdade social, feminismo, temáticas LGBTQIA+ e luta antirracista.
Coisa Mais Linda
O mais recente trabalho de Maria é a série Coisa Mais Linda, com duas temporadas disponíveis na Netflix.“A representatividade é importante na série. Temos uma representatividade sobretudo com a chegada do núcleo da família negra mais estabelecido na história. Mas acho que a gente precisa dar um passo além. É importante que essa representatividade aconteça à frente e atrás das câmeras. – elenco, produção, roteiristas – para que essa transformação se solidifique”, pede.
Começo no teatro
Antes de fazer novelas na Globo como Amor à Vida e I Love Paraisópolis, que a tornaram conhecida do grande público, Maria Casadevall começou a carreira artística nos palcos, com a Cia. de Teatro Os Satyros, de Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez, na praça Roosevelt, famosa pela diversidade de seus artistas. Na Roosevelt, point do teatro alternativo paulistano onde morou no começo da carreira, fez peças como Roberto Zucco e Nossa Gata Preta e Branca, contracenando com a atriz Cléo De Páris.
O grupo foi pioneiro em colocar uma atriz trans como estrela, a diva cubana Phedra D. Córdoba (1938-2016), amiga de Maria e que ganhou biografia nos palcos na peça Entrevista com Phedra, do jornalista Miguel Arcanjo Prado, com a atriz trans Márcia Dailyn no papel título e Raphael Garcia como o repórter. A obra teve direção de Juan Manuel Tellategui e Robson Catalunha e foi aplaudida na estreia por Maria Casadevall.
Fonte: O Fuxico