Eu amo retrospectivas. Faço a minha desde que me conheço por gente.
Acho bacana esse momento onde a gente se organiza para fazer balanços. Sou dos rituais e estas retrospectivas funcionam pra mim como liturgias.
Este 2019 foi bastante complicado, principalmente no terreno econômico. Vimos desaparecer importantes projetos para as artes, especialmente no terreno federal, que decretou o fim do Ministério da Cultura e fez sangrar o setor do audiovisual.
No Satyros, este ano foi tão especial quanto estranho. Chegamos aos 30 anos e à conclusão de que não foi nada fácil. A impressão que eu tenho, embora o sinônimo deste ano seja trabalho, é que foi um dos momentos mais estéreis da minha vida. Nunca pensei que chegar aos 30 anos custasse tanto!
Mas 2019 também foi o ano da pluralidade. Sabemos que a arte só fará sentido quando pensada no coletivo. Este será, definitivamente, o ano que nos fez entender que somos muitos e que somos plurais. Se antes este discurso estava apenas na poesia, hoje tivemos a certeza de será impossível continuar vivendo sem que as bichas, os pretos, as mulheres e toda gama de minorias povoem as nossas escolas, os nossos teatros, as nossas praças e, sobretudo, os nossos afetos.
Bonito mesmo é saber que a vida gira e que recomeçar é pensar em novas chances, novas possibilidades. E ter no coração a certeza de que se não foi agora, será amanhã, claro que será!
Aqui, o meu 2019:
JANEIRO
— “Todos os Sonhos do Mundo” é apresentada no Espaço Parlapatões, na 4ª Mostra de Solos do grupo.
— Nosso longa “A Filosofia na Alcova”, que está em cartaz no Cine Belas Artes em São Paulo, estreia na Cinemateca Boliviana, em La Paz; e no Estação Net de Cinema, no Rio de Janeiro.
FEVEREIRO
— “A Filosofia na Alcova”, que estreou em novembro de 2018 no Cine Belas Artes, encerra temporada, fechando surpreendentes 63 semanas ininterruptas em cartaz.
MARÇO
— Estreia de “Mississipi”, no Festival de Teatro de Curitiba.
ABRIL
— No dia 1º, Os Satyros completam 30 anos.
— “Todos os Sonhos do Mundo” estreia no Festival de Teatro de Curitiba.
— “Mississipi” estreia no Teatro Anchieta, no Sesc Consolação, em São Paulo.
— Alugamos o Cine Bijou, na Praça Roosevelt.
MAIO
— “Mississipi” é lançado em livro.
— Inaugurado o acervo Antonio Abujamra, na Biblioteca da SP Escola de Teatro, em São Paulo.
JUNHO
— Estreia de “Entrevista com Phedra”, de Miguel Arcanjo Prado, com Marcia Daiyn e Rafael Garcia.
JULHO
— Estreia de “Uma Cançao de Amor”, com Henrique Mello e Roberto Francisco.
— “Os 120 Dias de Sodoma” volta ao cartaz.
AGOSTO
— São anunciadas as indicações ao Prêmio Aplauso Brasil: “Mississipi” é indicado nas categorias melhor espetáculo de grupo; eu sou indicado como melhor ator e Fábio Penna como ator coadjuvante.
— A Adaap é indicada ao Prêmio Aplauso Brasil, categoria Destaque.
— “Mississipi” é apresentado no Theatro Municipal de São Paulo.
— Nosso Festival Satyrianas é uma das 25 placas que contam histórias do patrimônio cultural do centro de São Paulo, para inaugurar o projeto “Memória Paulistana”, eixo fundamental do programa “São Paulo Capital da Cultura”, da Secretaria Municipal de Cultura, para valorizar nossa memória cultural.
— Estreia de “Gaveta D’Água”, de Nina Nóbile, com Silvio Eduardo.
SETEMBRO
— O programa “Persona em Foco”, da TV Cultura, exibe um especial com Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez.
— “Todos os Sonhos do Mundo” é lançado em livro.
— Recebo o Título Cidadão Paulistano, pelo vereador Celso Giannazi.
— Os Satyros recebem o Colar de Honra ao Mérito Legislativo, através do deputado estadual Carlos Giannazi.
OUTUBRO
—É inaugurada a Sala Ivam Cabral, Espaço Grupo Caixa Preta.
— Recebemos o Prêmio Nelson Rodrigues, pela produção do espetáculo “Entrevista com Phedra”.
— Angela Coelho da Fonseca e Maria Adelaide Amaral passam a integrar o conselho da Adaap.
— Retomada do blog Terras de Cabral.
— Estreia de “Baderna Planet”, escrita por mim e pelo Rodolfo García Vázquez.
— “Todos os Sonhos do Mundo” é apresentada na cidade do Porto, em Portugal.
— Em parceria entre a Escola Superior Artística do Porto e SP Escola de Teatro, participo do colóquio “Arte Inclusiva. Quem inclui quem?”, na cidade do Porto, em Portugal.
NOVEMBRO
— “Todos os Sonhos do Mundo” é apresentada nas cidades do Mindelo e da Praia, em Cabo Verde, dentro do Festival Mindelact.
— “Todos os Sonhos do Mundo” se apresenta no Festival Satyrianas e, em seguida, faz temporada no Espaço dos Satyros, em São Paulo.
— Edição do colóquio “Arte Inclusiva. Quem inclui quem?” em São Paulo, parceria entre a Escola Superior Artística do Porto e SP Escola de Teatro.
— O texto “Anna, Você Pode Ficar”, escrito por mim e Rodolfo Garcia, é apresentado no Festival Satyrianas, trazendo no elenco as atrizes Ulrika Malmgren, Katta Pålsson, Patricia Pillar e Luiza Pinto.
— Nosso festival Satyrianas apresenta mais de 500 atrações, com artistas de 15 países.
— Eu e Rodolfo García escrevemos o texto “Uma Peça para Salvar o Mundo”.
DEZEMBRO
— Prêmio Arcanjo de Cultura, no Municipal: Prêmio Especial para Os Satyros, “pelos 30 anos de uma das mais emblemáticas companhias de teatro do Brasil, sempre em diálogo com a efervescência da vida ao seu redor”; e indicação para Eduardo Chagas, “pela potente trajetória nos palcos do Brasil e do mundo com a Cia. de Teatro Os Satyros”.
— A Adaap – Associação dos Artistas Amigos da Praça, que administra o projeto da SP Escola de Teatro, também recebe o Prêmio Arcanjo de Cultural, categoria especial, “pelo desenvolvimento pedagógico inovador e inclusivo da SP Escola de Teatro e da MT Escola de Teatro”.
— Marcia Daylin é indicada ao Prêmio Aplauso Brasil por “Entrevista com Phedra”.
• Foto em destaque: equipe da SP Escola de Teatro, por André Stefano