Fiquei pensando em uma frase que li ontem, amplamente atribuída a Shakespeare, mas que, ao que tudo indica, teria sido escrita por Henry Van Dyke, que diz: “o tempo é muito lento para os que esperam, muito rápido para os que têm medo, muito longo para os que sofrem, muito curto para os que festejam. […]
ADEUS | Para Silvio, com Teatro
Silvio Pozatto desviveu hoje. Para falar de morte, desviver é verbo que eu prefiro. Não se trata apenas de morrer, mas de deixar de pulsar num mundo onde a presença era mais que corpo. Era gesto, luz, voz, memória. Silvio era dessas presenças que habitam mais do que ocupam. Um homem de cena e de […]
CRÔNICA | O Segredo dos Afetos
Aqui em casa moramos dois humanos. Mas quem manda são elas. Duas gatas e uma cachorra. Embora, se formos justos, talvez devêssemos dizer: duas presenças felinas enigmáticas e uma criatura solar que ainda acredita que o mundo é um parque de amizades. Neuza, Faustina e Lupita. Cada uma com sua história. Cada uma com sua […]
CRÔNICA | O Espanto das Dez e Meia
Tenho brincado que cheguei à terceira idade. Com algum jeito que é quase um escudo, é bom dizer. Mas, como toda boa piada, há nela um tantinho de verdade. Talvez até um campo inteiro. Não é mais uma suspeita no espelho nem um número no RG. É um estado de corpo. E, surpreendentemente, um lugar […]
GUADALUPE | Por uma Pedadogia do Afeto
Guadalupe chegou pequena. Não só no tamanho, mas naquele jeito desavisado e urgente dos que ainda não sabem o peso do próprio corpo nem os limites do mundo. Uma mini-golden, agora com sete meses de vida, dona de uma energia que parece sempre nova, como se cada manhã fosse a primeira vez que ela abrisse […]
REFLEXÃO | Aquilo que Fica
Ontem fiz aniversário. Sessenta e duas voltas em torno do sol. E, apesar do corpo registrar o tempo, há sempre algo de espanto quando se percebe que se chegou até aqui. Não por acaso. Mas também não por garantia. A palavra que me atravessa hoje é agradecimento. Agradeço, sim — mas sem misticismo fácil […]
CRÔNICA | Uma Revolução pela Ternura
Hoje, rolando o Instagram, apareceu um vídeo do Ney Matogrosso — com seus olhos de abismo e voz de lâmina. Ele dizia ter vencido a maior batalha da vida ao beijar o próprio pai. E completava, sem vergonha da ternura: “Fui o filho que mais beijou o meu pai.” Fiquei ali, suspenso, como quem escuta […]
CRÔNICA | O ofício e o abismo
É raro, mas eu conheço atores que nascem com a cena no sangue. Não é apenas talento, é algo mais fundo, como uma ferida de origem ou uma vocação antiga, daquelas que atravessam gerações sem pedir licença. Tenho pensado muito em um deles, talvez porque, algum tempinho atrás, ele fez um post em uma de […]
REFLEXÃO | O peso leve do trabalho
Esta semana, numa dessas conversas de corredor que, por vezes, são mais densas que um seminário inteiro, eu e Danilo Stavale – companheiro de jornada na SP Escola de Teatro – tropeçamos, como quem não quer nada, no assunto do nosso ofício. Falávamos sobre o teatro, esse lugar onde a realidade se desdobra em ficção […]
ADEUS | O Cuoco que Acompanhou a Minha Infância
Morreu Francisco Cuoco. E o que sinto é uma tristeza íntima, como se tivesse partido alguém muito próximo, desses que a gente sabe onde mora, que cumprimenta na rua, que frequenta nossas casas aos domingos. Mas nunca nos conhecemos. Nunca o vi de perto. Nunca trocamos uma palavra. E, mesmo assim, ele estava lá, atravessando […]