Então, quando eu e o Rodolfo estamos de folga, a gente… trabalha! E trabalha duro! Tem sido assim desde que nos conhecemos, 30 anos atrás.
Acabamos de colocar o ponto final em mais um texto, “Uma Peça Para Salvar o Mundo”, que será apresentada nas Satyrianas e, no ano que vem, entrará em cartaz nos Satyros. Uma peça sem um único ator, onde o público será o grande protagonista.
É que matamos a charada: a arte salva o mundo – não temos dúvida –, mas esta façanha há muito não é mais do artista e, sim, dos públicos (são vários), não apenas o seu. Se antes o artista era o elo mágico entre o céu – passando pela terra – e o inferno, em tempos de globalização quem decide de verdade é quem consome ou ouviu falar da arte. Aliás, esse público, “que só ouviu falar”, tem sido decisivo nesse jogo complexo, nos últimos muitos anos.
No caso do teatro o verdadeiro elo de transformação, portanto, é determinado pelo espectador. Nunca mais pela crítica ou pela estética. Por isso, resolvemos colocar o nosso público em cena para ver o que acontece.
Afinal, quem está exigindo o seu lugar de fala não é mais o artista, mas o público que entendeu a sua verdadeira importância neste jogo. Não sou mais eu, o artista, quem crucificará o poetinha quando vai dizer “desculpem as feias, mas beleza é fundamental”. Nem serei eu, artista, quem dirá para o futuro se Nelson Rodrigues era misógino, machista e reacionário; nem quem é quem nessa história toda.
Apertem os cintos aí, “Uma Peça Para Salvar o Mundo” está chegando com o propósito único de nos tirar desse lugar inóspito que chegamos. E a bola está com o público que dirá se esta batalha poderá ser vencida.
Oba! Já gostei do início.
viva!