TEATRO: ROMPENDO FRONTEIRAS

Ivam Cabral: Cuba pelos olhos do Brasil e Brasil pelos olhos de Cuba

Por:  Majô Levenstein

O ator, dramaturgo e diretor Ivam Cabral, que também responde pela direção executiva da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco, acaba de voltar de uma viagem a Cuba. E sua bagagem está repleta…  de cultura. E das boas! Na semana passada, de 28 a 31 de maio, Ivam esteve conferindo, in loco, a Semana de Lecturas Dramatizadas de Teatro Brasileño Actual, no centro cultural Casa del ALBA, na Ilha de Fidel.

O evento foi uma realização da Embaixada Brasileira em Cuba, por iniciativa de Sergio Couto, responsável pela área de Cultura do órgão. Em novembro, está prevista, no país caribenho, a publicação de um livro com as traduções para o espanhol dos textos apresentados no evento.

Na verdade, o festival é apenas parte de um projeto que nasceu durante um jantar, em Cuba, no final de outubro de 2011, durante o Festival de Havana, que reuniu Ivam Cabral e Sergio Couto, dois brasileiros apaixonados pela cultura cubana, além do dramaturgo Reynaldo Monteiro, um dos mais importantes autores teatrais da atualidade de Cuba, que assina o texto da peça Liz, do repertório do grupo Os Satyros. “A ideia era fazer um intercâmbio reunindo produções de autores cubanos e brasileiros. Assim, 12 peças brasileiras seriam traduzidas para o espanhol e 12 peças cubanas para o português”, lembra Ivam.

A Semana de Lecturas Dramatizadas de Teatro Brasileño Actual acontecerá em quatro etapas. A primeira ocorreu na semana passada, reunindo quatro textos: Avenida Independencia 161, de Paulo Biscaia Filho, sob a direção de Carlos Celdran, um dos grandes nomes da direção em Cuba; Hazte Idea de Que Hay Sol Allá Afuera (Faz de Conta que Tem Sol Lá Fora), de Ivam Cabral, com direção de Sahily Moreda; Impostura, de Marici Salomão, dirigida por Carlos Diaz; e Delantal Todo Sucio de Huevo (Avental Todo Sujo de Ovo), de Marcos Barbosa, sob a direção de Julio Cesar Ramirez.

Ainda estão previstas as leituras dos textos dos dramaturgos brasileiros Aimar Labaki (SP), Sérgio Roveri (SP), Newton Moreno (PE), Jô Bilac (RJ), Rodrigo Nogueira (RJ), Daniela Pereira de Carvalho (RJ), Francisco Carlos (AM) e Diones Camargo (RS). “A curadoria dos textos brasileiros foi feita pela Lúcia Camargo, coordenadora dos cursos de Extensão Cultural da SP Escola de Teatro”, conta Ivam. “A proposta era a de fazer um recorte de toda produção dramatúrgica nacional, com autores desde o Amazonas até o Sul do País, passando por Pernambuco e Rio Grande do Sul, não se restringindo ao eixo Rio-São Paulo. Tudo para provar que a dramaturgia brasileira goza de muito boa saúde, obrigado!”, completa Ivam.

“Ver seu texto traduzido para outro idioma é muito emocionante. A língua espanhola acrescentou mais passionalidade à minha obra (Faz de Conta que Tem Sol Lá Fora). E por tratar de um tema universal, a solidão, só vi pontos positivos na tradução. É prova de que a arte não tem fronteiras. É um processo muito saboroso”, observa Ivam, cujo texto trata da relação de dois vizinhos, que moram no mesmo andar, mas nunca se encontraram. Até que, num dia, o homem ouve uma canção triste vinda da casa da vizinha e resolve entrar pela porta, que encontra aberta. A partir daí, um mundo de possibilidades se abre para ambos. Mas será que a solidão dos dois terá mesmo um fim?

Por aqui, como parte deste intercâmbio dramatúrgico, está previsto, para o início de dezembro, o lançamento de um livro com a compilação dos textos de grandes autores cubanos contemporâneos, traduzidos para o português, e uma série de leituras dramáticas dos mesmos, durante a chamada Semana de Leituras Dramáticas do Teatro Cubano Atual. “Ainda não sabemos se vamos dividir essa semana em duas partes, uma no lançamento do livro, em dezembro, e outra em janeiro de 2013”, adianta Ivam Cabral.  Até julho, serão selecionados, em Cuba, os textos que farão parte do projeto a ser publicado aqui no Brasil.

Fonte: Taste, Cesar Giobbi, 6 de junho de 2012

Ator, roteirista e cineasta. Co-fundador da Cia. Os Satyros e diretor executivo da SP Escola de Teatro.
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