SP ESCOLA DE TEATRO VAI À SUÉCIA

Se a menção do nome Suécia só lhe remete ao grupo Abba, você precisa continuar a ler este artigo. Agora, se o país lhe traz referências como o cinema de Ingmar Bergman ou a magistral atuação de Greta Garbo, continue a ler também. Por quê? Porque Suécia e Brasil acabam de criar fortes vínculos culturais que vão muito além da paixão pelo quarteto que levou às pistas do mundo o hit “Dancing Queen”.

A SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco acaba de fechar um convênio de oito anos com a recém-formada Academia de Artes Dramáticas de Estocolmo (em sueco: Stockholms Dramatiska Högskola, conhecida pela sigla Sada). E que ninguém pense que se trata de uma novata no mundo das artes. A Academia, na verdade, é uma fusão da Academia do Real Teatro Dramático de Estocolmo (em sueco: Kungliga Dramatiska Teatern or Dramaten) e da Universidade-Escola de Cinema, Rádio, Televisão e Teatro (em sueco: Dramatiska Institutet, DI).

A primeira é a mais antiga e a principal da Suécia, fundada em 1788 e voltada para a formação de atores e comediantes. Dela, saíram nomes como Ingmar Bergman, Greta Garbo e a atriz Lena Olin. Já a Universidade-Escola de Cinema, Rádio, Televisão e Teatro foi inaugurada pelo governo sueco em 1970, tendo, portanto, 42 anos de história. Ela coloca no mercado diretores de teatro, cenógrafos, iluminadores, entre outras profissões ligadas às técnicas de palco. Portanto, currículo e credenciais não faltam a essas duas entidades, que agora se tornaram uma.

Antes de fazer a fusão das instituições e de originar a Academia de Artes Dramáticas, uma comitiva dessas duas entidades visitou o Brasil, em 2009, a fim de buscar experiências em instituições brasileiras para seu projeto de unificação. Assim, o grupo passou por instituições como a USP, UFRJ e, claro, pela SP Escola de Teatro, que ainda estava em processo de estruturação e implantação. E como Garrincha encantou os suecos na Copa de 1958 com seus dribles, o modelo pedagógico e a proposta de inclusão social da Escola conquistaram os ilustres visitantes. “O projeto pedagógico da SP Escola de Teatro apaixonou os suecos. Era tudo o que eles estavam procurando: juntar o ensino da dramaturgia com as disciplinas de técnicas de palco”, conta o diretor Rodolfo García Vázquez, coordenador do curso de Direção da Escola.

Quem recebeu os emissários suecos, naquela época, foi Ivam Cabral, diretor executivo da SP Escola de Teatro, que apresentou todo o projeto da Instituição. “Nosso primeiro encontro, em 2009, reuniu o pessoal de Estocolmo, eu e o Alberto Guzik (então coordenador pedagógico da SP Escola de Teatro, que morreu em 2010). Eu acredito que o que chamou mais atenção do pessoal da Academia de Artes Dramáticas, a Sada, foi, principalmente, o conceito e o sistema pedagógico da escola, que é renovado e retrabalhado o tempo todo”, diz Ivam Cabral.

Com a certeza de que a SP Escola de Teatro era detentora do modelo mais interessante para sua empreitada, os suecos procuraram, em seguida, já na Suécia, a instituição Linnaeus-Palme, que costuma financiar projetos de cooperação ligados a agricultura, biologia, mas que, até então, nunca havia bancado nada na área da cultura. E a oportunidade estava lá, chamando a atenção por se tratar de um modelo originário no distante, exótico e ensolarado Brasil.

Assim, em dezembro de 2011, o instituto Linnaeus-Palme enviou dois professores suecos para analisar o projeto da SP Escola de Teatro: Ulrika Malmgren (professora de interpretação do departamento da Academia de Artes Dramáticas de Estocolmo) e Simon Norrthon (chefe do departamento). Naquela época, terminava o ano letivo, que iria culminar na primeira turma de aprendizes da Escola a concluir os quatro módulos de estudo. “Eles viram a escola funcionando e se encantaram ainda mais com a parceria”, lembra Rodolfo García Vázquez.

Finalmente, em março deste ano, o Instituto Linnaeus-Palme aprovou o financiamento total da parceria, prevista para durar oito anos, sem custo para nenhuma das escolas envolvidas.

A Parceria

Mas, afinal, no que consiste a parceria da SP Escola de Teatro com a Academia de Artes Dramáticas de Estocolmo (Sada)? Segundo Simon Norrthon, chefe do departamento de interpretação da Academia, trata-se de uma oportunidade única para a troca de experiências culturais entre professores e alunos das duas instituições. “Depois de nossa visita à SP Escola de Teatro, em 2010, voltamos repletos de inspiração e conhecimento. Tecnicamente, as duas escolas são inovadoras, experimentais e corajosas. A Sada (Academia de Artes Dramáticas de Estocolmo) ensina seus alunos a trabalhar em equipe, serem flexíveis, mas também especializados em suas profissões. A SP Escola de Teatro opera em estreita cooperação com a sociedade. Ela atua e tem um grande comprometimento com a sociedade, com a inclusão social”, diz Norrthon.

O processo de cooperação deverá desenvolver-se em duas etapas: de 2012 a 2015 e de 2016 a 2019. Na primeira, serão envolvidos, em intercâmbios, os professores e coordenadores de ambas as instituições, a fim de alargar a parceria. Assim, professores suecos serão convidados a ministrar oficinas e workshops na SP Escola de Teatro, bem como coordenadores da Escola viajarão para a Suécia para comandar atividades com os alunos de lá. A ideia é compor uma produção com alunos da Academia e aprendizes da SP Escola de Teatro. Já a segunda fase pretende registrar, em um vídeo-documentário e em um rádio-documentário, bem como em uma publicação escrita, todo o processo da parceria sueca-brasileira, que deverá culminar em uma exibição dessas produções no Royal Dramatic Theatre, em Estocolmo, além de uma performance mesclando aprendizes brasileiros e alunos suecos.

Fonte: SP Escola de Teatro, julho de 2012