SEGUNDA PARTE | Meu olhar sobre alguns dos espetáculos desta edição do MIRADA

Das 36 peças apresentadas nesta edição do MIRADA – Festival Ibero Americano de Artes Cênicas, assisti a 20 espetáculos, além de ter visto performances, visitado instalações artísticas e participado de rodas de conversa, de ações digitais, conferências e lançamentos de livros.

Ufa, foi uma verdadeira imersão ao fascinante universo produzido pelo Sesc SP em mais de uma dezena de espaços, na instigante geografia da cidade de Santos.

Aqui, a segunda parte das pequenas anotações que fiz, a partir dos espetáculos que assisti nesta edição do festival:

VEJA A PRIMEIRA PARTE AQUI

HAMLET (PERU)

Um grupo de pessoas com síndrome de Down sobe ao palco para compartilhar seus anseios e frustrações através de uma livre versão de Hamlet. A peça é construída entre o texto de Shakespeare e a vida dos atores e toma como ponto de partida a questão que ele nos coloca diante da existência. Ser ou não ser? O que significa ser para as pessoas que não encontram espaços onde são levadas em conta?

Excelente. Geralmente peças que alternam texto original com performativismos (com ‘minorias’ ou não) parecem embuste, entretanto esta é muito bem feita. A dramaturgia é certeira, alterna cenas de Hamlet, depoimentos pessoais do elenco e apartes híbridos que mesclam o drama shakespeariano com as reflexões críticas sobre a realidade de pessoas com síndrome de Down na sociedade.

Dramaturgia e direção geral Chela De Ferrari
Direção adjunta e consultoria em dramaturgia Claudia Tangoa, Jonathan Oliveros e Luis Alberto León
Elenco Octavio Bernaza, Jaime Cruz, Lucas Demarchi, Manuel García, Diana Gutierrez, Cristina León Barandiarán, Ximena Rodríguez e Álvaro Toledo
Treinamento vocal Alessandra Rodríguez
Coreografia Mirella Carbone
Visuais Lucho Soldevilla
Projeto de iluminação Jesús Reyes
Produção Siu Jing Apar
Coordenação técnica no Brasil Bruno Garcia
Assistente de produção no Brasil Carla Gobi e Claudia Torres
Assessoria jurídica no Brasil Martha Macruz de Sá
Produção no Brasil Pedro de Freitas – Périplo

 

FUCK ME (ARGENTINA)

 

A peça investiga a passagem do tempo e as marcas que que um corpo guarda, transitando pelas fronteiras entre o documentário e ficção, dança e performance, acidente e representação.

“Fuck Me” é a terceira parte de uma série, no projeto em que Marina Otero propõe construir uma obra interminável sobre sua vida, após “Andrea” e “Recordar 30 años para vivir 65 minutos”.

Uma ode ao narcisismo, tão comum em algumas montagens performativas e, também, na autoficção literária. Propostas estéticas parecidas têm sido vistas, ultimamente.

A dramaturgia do espetáculo parte do ponto de vista da diretora,  uma bailarina que sofre com fortes dores na coluna, depois de anos de trabalho duro em condicionamentos físicos para sustentar a sua profissão. Para criar um novo trabalho, recorre a seis intérpretes, na tentativa de recuperar, ainda que de modo abstrato, os movimentos perdidos entre internações e cirurgias que lhe tiraram a liberdade de seu corpo.

Dramaturgia Marina Otero
Elenco Augusto Chiappe, Cristian Vega, Fred Raposo, Matías Rebossio, Miguel Valdivieso e Marina Otero
Projeto de iluminação e espaço Adrián Grimozzi
Espaço e iluminação em circulação/direção técnica David Seldes e Facundo David
Figurinos Uriel Cistaro
Edição digital e música original Julián Rodríguez Rona
Consultoria de dramaturgia Martín Flores CárdenasAssistência de direção Lucrecia Pierpaoli
Assistência coreográfica Lucía Giannoni
Assistência de iluminação e espaço Carolina Garcia Ugrin
Artista visual Lúcio Bazzalo
Montagem técnica audiovisual Florencia Labat
Estilo de figurino Chu Riperto
Fotografia Matías Kedak
Figurinista Adriana Baldani
Produção e produção executiva Mariano de Mendonça
Distribuição T4/Maxime Seugé & Jonathan Zak
Coprodução Festival Internacional de Buenos Aires (FIBA)
Coordenação técnica no Brasil Bruno Garcia
Assistente de produção no Brasil Carla Gobi e Claudia Torres
Assessoria Jurídica no Brasil Martha Macruz de Sá
Produção no Brasil Pedro de Freitas – Périplo

 

CUANDO PASES SOBRE MI TUMBA  (URUGUAI)

Seguindo a linha de autoficção, a peça narra os últimos dias da vida de seu autor. Depois de ter decidido organizar seu suicídio assistido em uma clínica de luxo em Genebra e planejar entregar seu corpo a um jovem necrófilo internado em um hospital psiquiátrico de Londres, a obra narra os diferentes encontros que o autor tem com o médico Godwin, responsável por orquestrar seu suicídio assistido, e com o jovem necrófilo que se dedicará a aguardar a chegada do cadáver.

Começa com três personagens descrevendo a própria morte (mordida de tubarão, acidente automobilístico e câncer, respectivamente) em período de ensaio para esta própria peça. Em seguida coloca-se a diferença entre eutanásia e suicídio assistido, e o enredo prossegue com o autor/diretor Sergio Blanco na clínica de Genebra querendo pôr fim à sua vida. Quando o médico lhe pergunta se têm doenças graves, motivos para morrer, problemas sem solução, todas as respostas são “não”. A peça se assume, verbalmente, no palco, como autoficção, e dá continuidade a essa investigação apreciada pelo dramaturgo (em 2018 tivemos em SP o monólogo autoficcional  “A Ira de Narciso”, com o Gawronski).

Texto e direção Sergio Blanco
Atuantes Sebastián Serantes, Gustavo Saffores e Felipe Ipar
Design visual Miguel Grompone
Operação de vídeo ao vivo Francesca Crossa e Miguel Grompone
Cenografia e iluminação Laura Leifert y Sebastián Marrero
Assistente de iluminação e cenografia Paula Martell
Figurino Laura Leifert
Desenho de som Fernando Castro
Operador de som ao vivo Gerardo Hernández e Fernando Castro
Preparação vocal Pablo Routin
Preparação instrumental Federico Zavadszky
Fotografia Nairí Aharonián
Design gráfico Augusto Giovanetti
Comunicação Matías Pizzolanti
Gestão de imprensa Valeria Piana
Estagiária de direção Direction intern Pasante de dirección Ana Karen Peraza
Assistente de direção e produção Danila Mazzarelli
Produção e circulação Matilde López Espasandín
Produção no Brasil Arte Rumo Produções – Raquel Dammous
Espetáculo coproduzido por Festival Internacional de Artes Escénicas de Uruguay & Festival Internacional de Buenos Aires

 

DRAGÓN (CHILE)

O grupo Dragón reúne-se periodicamente em um restaurante na Plaza Itália (Santiago) para planejar e definir sua próxima intervenção artística. Desta vez, porém, escolheram um tema tão complexo se envolvem em um amargo conflito que os está destruindo. A única saída é fazer um novo trabalho que restaure a confiança. Mas para eles é tarde demais. A única saída é a criação a partir da traição.

Estupenda! Um coletivo artístico planeja uma performance, a explosão de um carro com eles dentro, em homenagem ao ativista da Guiana, Walter Rodney, morto exatamente dessa forma. E depois novas ações, aos moldes do teatro invisível do Boal, citado nominalmente, ocorrem com o casal que forma o Dragón e sua assistente (que, no enredo, vem à Bienal de São Paulo com uma instalação de outro grupo). A peça tem dispositivos nonsense, críticas à produção de arte contemporânea e a tentativas forçadas de “africanização” de corpos e pautas por apropriação cultural.

Dramaturgia e direção Guillermo Calderón
Elenco Luis Cerda, Camila González e María Landeta
Assistência de direção e direção técnica Ximena Sánchez
Design Rocío Hernández
Técnica de iluminação e cenografia Manuela Mege
Figurino e assistência de design Daniela Vargas
Vídeos Alex Waghorn, La Copia Feliz e Ximena Sánchez
Produção María Paz González
Direção de produção no Brasil Rachel Brumana – SÙ
Produção executiva, comunicação e logística no Brasil Luiza Alves
Assistência de produção no Brasil Giovanna Monteiro
Coordenação técnica no Brasil Grazielli Vieira
Técnica de luz no Brasil Fernanda Guedella
Técnica de vídeo no Brasil  Giovanna Kelly
Técnica de som no Brasil Lilla Stipp
Direção de palco no Brasil Carol Buček
Camareira no Brasil Arieli Marcondes
Coprodução Teatro a Mil Foundation, Teatro UC e Theater der Welt 2020 Düsseldorf

 

TEATRO AMAZONAS (ESPANHA)

AZKONA & TOLOZA / Teatro Amazonas ©Tristan Perez-Martin

Através de uma série de protagonistas e lugares e algumas histórias, todas unidas pela ideia de delírios de grandeza, Azkona & Toloza propõem uma narrativa que mergulha nos últimos cinco séculos de história do território amazônico brasileiro.

Projeto de uma dupla de artistas que trabalha com antropologia visual e videoarte Lo-fi. O espetáculo começa com palco vazio e um piso branco, e toda a cenografia vai sendo desenhada no chão e construída/montada pelos performers. Perpassa a colonização da região amazônica, o extrativismo, a realização do filme do Werner Herzog na floresta, a construção do bizarro projeto que culmina na cidade de Fordlândia, o teatro de Manaus, a chegada de Bolsonaro ao poder etc. Projeto muito bem feito.

Projeto de Azkona&Toloza
Dramaturgia e encenação Laida Azkona Goñi e Txalo Toloza-Fernández
Performers Laida Azkona Goñi e Txalo Toloza-Fernández
Voz em off Luana Raiter e Camilo Schaden
Assistente de direção Raquel Cors
Pesquisa documental Leonardo Gamboa
Desenho de produção Elclimamola
Trilha sonora original e design de som Rodrigo Rammsy
Conceito de som Juan Cristóbal Saavedra
Projeto de iluminação Ana Rovira
Técnico de iluminação em turnê Conrado Parodi
Design audiovisual MiPrimerDrop
Cenografia Xesca Salvà e MiPrimerDrop
Estilismo Sara Espinosa
Produção na Espanha Helena Febrés
Produção delegada fora da Espanha Théâtre Garonne – scène européenne
Tradução para português Lívia Diniz e Camila Rocha
Tradução para tukano João Paulo Lima Barreto
Relator Pedro Granero
Ilustração Jeisson Castillo
Fotografia Tristán Pérez-Martín
Produção no Brasil OFF Produções Culturais – Celso Curi, Heloisa Andersen, Jackson França e Wesley Kawaai

 

TIJUANA (MÉXICO)

Tijuana encena a experiência de Gabino Rodríguez, convertido durante seis meses em Santiago Ramírez, que trabalha em Tijuana (Baja California), sob condições específicas que o separaram de seu mundo habitual, do qual permaneceu incomunicável enquanto trabalhava por um salário mínimo em uma fábrica da região.

Experiência extrema de teatro do real e documental, em que o ator Gabino Rodríguez se transforma em Santiago Ramírez e se muda por seis meses para trabalhar como operário numa fábrica na cidade de Tijuana, dividindo uma pequena moradia com outras três pessoas. Aparentemente a experiência foi verdadeira, o que nem importa tanto, já que o objetivo maior é evidenciar a dúvida no espectador se o enredo é ficcional ou real – procedimentos como a exibição de entrevistas do ator falando sobre o período borram ainda mais essas fronteiras. A peça discute, sobretudo, a representação teatral e a luta de classes (numa situação, o turno foi compulsoriamente dobrado e ele passou a trabalhar 16 horas seguidas).

Atuação e direção Lázaro Gabino Rodríguez
Baseado em textos e ideias de Andrés Solano, Arnoldo Galves Suarez, Martin Caparrós e Gunter Walraff
Direção-adjunta Luisa Pardo
Iluminação e direção técnica Sergio López Vigueras
Pintura cênica Pedro Pizarro
Desenho de som Juan Leduc
Vídeo Chantal Peñalosa
Isadora Carlos Gamboa
Colaboração artística Francisco Barreiro
Produção no Brasil Rafael Ferro e Carla Estefan
Intérprete Felipe Sá
Coordenação de palco e técnica Edu Luz

 

HAY QUE TIRAR LAS VACAS POR EL BARRANCO (VENEZUELA)

Adaptação teatral do livro “Vozes do Labirinto”, do jornalista espanhol Ricard Ruiz Garzón (2005), que reúne quinze depoimentos de pacientes com esquizofrenia e seus familiares. Na obra, diferentes monólogos percorrem o processo da doença, desde os primeiros surtos até a recuperação ou morte, a fim de tentar elucidar os estigmas, mitos e preconceitos sobre essa doença.

A montagem é bem antiteatral, consiste basicamente de seis monólogos que envolvem experiências de pessoas com esquizofrenia. O cenário é uma mesa no centro do palco, um microfone, um foco de luz – e nada mais muda em 1h50 de peça. Os depoimentos têm seus momentos comoventes. No dia em que assisti ao espetáculo, em uma roda de conversa ao final da apresentação, uma jovem da plateia revela sua proximidade com a temática da peça: sua mãe encontra com a esquizofrenia aos 25 anos, exatamente a idade atual da espectadora. Emocionante.

Texto Ricard Ruiz Garzón, a partir de seu livro “Las Voces del Laberinto”  
Adaptação e direção Orlando Arocha  
Atores Ricardo Nortier, Diana Volpe, Gretel Stuyck, Haydée Faverola e Rafa Cruz  
Participam Abel Garcia e Robson Emílio  
Um encontro cultural Venezuela, Espanha e Brasil 
Produção no MIRADA Palipalan Arte e Cultura

 

c h ãO (BRASIL)

c h ãO é uma peça fragmentária e incompleta que toma emprestado da música o trêmulo também conhecido como o som da dúvida – e a dissonância para pensar a tensão como vínculo vibrante e não somente como quebra. O trítono, intervalo dissonante bastante usado em filmes de suspense, também é conhecido como intervalo do diabo. Seu som dá ideia de movimento, instabilidade, e quando não é acompanhado por um acorde de resolução o ouvinte fica angustiado, tenso, pois o trítono traz uma “necessidade” de ser resolvido. A dissonância na música não resolve, ela suspende. Suspender-se, pendurar-se em um intervalo, uma fenda no tempo entre cima e baixo, entre lado e outro, lançar-se na instabilidade, na trepidação, no groove. Tocar o chão para saltar novamente, saltar para voltar ao chão. Bater os pés no chão para levantar poeira, partículas em suspensão. Bater no chão, abalar a terra, fazer tremular corpos distantes. Corpos distantes ainda f(r)iccionam.

Espetáculo muito perturbador, sensacional. Um dos atores se arrasta pelo chão a peça inteira: gritando, grunhindo e cantando num falsete bizarro, parece o Goblin de “Senhor dos Anéis”. O tecladista fica do começo ao fim no centro do palco, de costa para o público. As coreografias de todos os performers são rápidas, repetitivas, movimentos nervosos e estridentes, os atores parecem tomados de um estado de mania. É aquele tipo de encenação que corre altíssimos riscos de parecer afetada e pretensiosa, mas essa resulta numa obra-prima.

Concepção e direção Marcela Levi & Lucía Russo
Performance e cocriação Alexei Henriques, Ícaro Gaya, Lucas Fonseca, Martim Gueller, Tamires Costa e Washington Silva
Interlocução Ana Kiffer e Felipe Ribeiro
Assistência Lucas Fonseca e Tamires Costa
Desenho de luz e direção técnica Laura Salerno
Desenho de som toda a equipe
Figurinos Levi & Russo
Assessoria na sonorização Diogo Perdigão
Iluminador assistente Fellipe Oliveira
Técnico de som André Omote e André Teles
Cenotécnico Marcus Garcia
Registro em vídeo Sergio López Caparrós
Edição de vídeo Renato Mangolin
Fotografia Emily Coenegrachts, Renato Mangolin, Carlos Gueller
Produção e realização artística Improvável Produções
Coprodução Kunstenfestivaldesarts, Kaaitheater, Julidans, PACT Zollverein e Something Great
Distribuição Something Great
Apoio Centro Coreográfico da Cidade do Rio de Janeiro/Secretaria Municipal de Cultura, Consulado da Argentina no Rio de Janeiro, Espaço Cultural Sítio Canto da Sabiá e Instituto Villa-Lobos Unirio
Patrocínio Fomento a Todas as Artes – Lei Aldir Blanc | Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro

 

O QUE MEU CORPO NU TE CONTA (BRASIL)

Os 16 atuantes do Coletivo Impermanente, dirigidos por Marcelo Varzea, se revezam nesta performance onde seus corpos nus, em relatos confessionais postos em minisolos de autoficção, revelam histórias marcadas em suas peles e existências. São 12 atores a cada apresentação, tornando-as sempre únicas.

Que trabalho bonito o Marcelo Varzea tem feito ultimamente! Pelo menos nos últimos quatro anos, Marcelo que já era um ator que eu admirava bastante, se transformou, primeiro, em um dramaturgo potente. Ultimamente, ainda, tem se destacado como diretor altamente talentoso, com uma metodologia de trabalho copiosamente sofisticada – quem esteve presente na ação formativa “Seu corpo como espaço de investigação”, na quinta-feira (15/09), pode acompanhar, através de sua fala, o desenho de referências e procedimentos que estão por trás de seu trabalho.

Assisti ao espetáculo com um nó na garganta. Quanta poesia e quanta tristeza pode produzir um corpo nu! Pra mim, um dos momentos mais inspirados desta edição do Mirada.

Criação, dramaturgia e direção Marcelo Varzea
Atuação e textos Coletivo Impermanente
Elenco Agmar Beirigo, Ana Bahia, André Torquatto, Bruno Rods, Camila Castro, Conrado Costa, Dani D’eon, Daniel Tonsig, Eduardo Godoy, Ellen Regina, Flavio Pacato, John Seabra, Lana Rhodes, Letícia Alves, Pamella Machado, Renan Rezende, Stephanie Lourenço, Thiene Okumura, Veronica Nobili e Vini Hideki
Direção de movimento Erica Rodrigues
Preparação vocal Lara Córdulla
Iluminação Vini Hideki
Músicas originais Marcelo Varzea e Flávio Pacato
Direção musical Flávio Pacato
Assistência de direção Talita Tilieri
Consultoria teórica Mariela Lamberti
Preparação corporal Veronica Nobili
Design gráfico Bruno Rods
Vídeos e fotos Otto Blodorn e Bruna Massarelli
Assessoria de imprensa Renan Rezende e Katia Calsavara
Produção Coletivo Impermanente Camila Castro
Produção Corpo Rastreado Leo Devitto

Ator, roteirista e cineasta. Co-fundador da Cia. Os Satyros e diretor executivo da SP Escola de Teatro.
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