Nesta terça-feira, 29, morreu aos 76 anos um dos maiores artistas gráficos do Brasil: Elifas Andreato. O designer e ilustrador paranaense, que morava em São Paulo, faleceu por conta de complicações decorrentes de um infarto que sofreu alguns dias atrás.
O artista era muito conhecido por seus trabalhos artísticos em capas de discos clássicos do MPB, já tendo assinado mais de 400 capas em seus 50 anos de carreira. Em 2018, ele publicou o livro Traços e cores, que reúne cerca de 5000 das suas mais icônicas obras. Algumas dessas estão em álbuns famosos como Ópera do malandro (1978), de Chico Buarque; a Rosa do Povo (1976), de Martinho da Vila; e Nervos de aço (1973), de Paulinho da Viola.
Antes de se consagrar na profissão, Elifas viveu em cortiços e fazia pequenas esculturas com sucatas que encontrava no lixo. Ainda na juventude, quando começou a pintar caricaturas e murais, a riqueza de suas produções artísticas o levou a estagiar em agências de publicidade e posteriormente na Editora Abril. Em depoimento, O ator e diretor de teatro Elias Andreato, irmão do artista, contou em depoimento nas redes sociais que desde a infância Elifas demonstrou muito talento e interesse em desenho.
“Meu irmão mais velho, desde pequenino, rabiscava seus sonhos e ia mudando o nosso destino (…) Sua travessura era zombar da pobreza e de toda a tristeza que ele via. Que o país que ele imaginoupossa ser colorido para todos! Que a política do seu traço, seja homenageada SEMPRE!”.
Elifas Andreato também era um dos parceiros da SP Escola de Teatro, sendo o responsável pela capa da primeira edição da Revista (A)lberto, publicada pela instituição em 2011. Batizada em homenagem à Alberto Guzik, o periódico nasceu com o objetivo de provocar reflexão acerca das manifestações artísticas atuais, atuando especificamente por meio do viés cênico. Entre muitos conhecimentos diversos, a revista abre um espaço para questionar a arte e promover um enriquecimento cultural para além do público iniciado (atores, diretores, pesquisadores e afins).
Ivam Cabral, diretor executivo da SP, lamentou muito a perda do amigo:
“Elifas Andreato foi desenhar no céu. Seus traços, sempre cheios de poesia, ilustraram* capas dos discos mais lindos de Elis, Clara, Chico, Paulinho da Viola e tantos outros! Vai fazer tanta falta!”
Além disso, em um depoimento à equipe de comunicação da Escola, Ivam comentou o impacto que o ilustrador teve ao longo de sua trajetória:
“Foi certamente um dos grandes artistas da minha geração. É impossível pensar em música e não pensar na obra do Elifas, que criou capas icônicas dos nossos grandes ídolos. É impossível pensar no Elifas sem pensar na literatura; ele criou de capas de livros lindas. Impossível pensar nele, sem pensar na ditadura militar, a qual suas mãos retrataram com tanta propriedade em sua obra.”
Relembrando os muitos momentos de colaboração com o artista, o diretor da SP completou:
“Eu sou feliz por ter convivido com um artista como o Elifas Andreato, sou agradecido e orgulhoso porque o Brasil teve um designer desse tamanho com essa importância e com essa relevância. Ele faz muita falta, mas deixou um legado que vai muito além da sua experiência aqui entre nós.”
Toda a equipe de colaboradores da SP Escola de Teatro lamenta, consternada, a perda de Elifas, um expoente do design artístico que marcou a história da cultura nacional e da Instituição durante sua passagem por aqui.
Confira alguns de seus grandes trabalhos:
Fonte: SP ESCOLA DE TEATRO