O Espaço dos Satyros da Praça Roosevelt foi inaugurado em dezembro de 2000. Já nos primeiros meses do ano seguinte, passamos a conviver com a Elke, que, naquela época, se dividia entre o Leme, no Rio, e Avenida Paulista, aqui em São Paulo. Nesta altura, era casada com o Sacha, nosso amigo de Curitiba.
Durante alguns anos, Elke bateu cartão no Satyros, até quando vendeu seu apartamento paulistano, alguns anos depois. E acho que, na verdade, foi a Elke quem trouxe a Phedra de Córdoba para o Satyros. Quer dizer, há muitas linhas que se cruzam aí. Porque a Phedra morava na Avanhandava, quase esquina com a Nove de Julho, e passava sempre em frente ao nosso espaço. Mas nesta época Phedra era arredia. Sim, Phedra foi arredia. Muito arredia, aliás.
Então, numa noite em que a Elke e a Maria Alcina conversavam numa mesinha na calçada em frente ao Satyros, Phedra se juntou a nós e nunca mais saiu dali.
Mas eu falava da Elke, da época em que éramos íntimos e que trocávamos confidências, tempos em que as noites, todas as noites, eram de insônias.
A última vez que falei com a Elke foi em 2013, quando estávamos apresentando “Inferno na Paisagem Belga”, no Rio. E Elke já estava malzinha. Não assistiu ao espetáculo e eu, tampouco, fui visitá-la.
O Facebook agora me lembra que Elke morreu há cinco anos. E agora, a saudade doída da nossa madrinha. Não faz falta pro Satyros, apenas. Deixou um vácuo, um buraco bem no coração da cultura brasileira.