Quando comecei a trabalhar profissionalmente no teatro, ia em todos os eventos que reuniam o pessoal da classe teatral. Leituras, rodas de conversa, manifestações, ia em tudo!
Em geral, nunca encontrava o pessoal mais velho. Com exceção dele, Sergio Mamberti, que já era um ator importante e reconhecido.
Pra não ser injusto, nesta época, havia uma outra figura que sempre estava nestes lugares, também: a Esther Góes.
Então, deslumbrado, depois destes encontros, eu sempre ligava pro meu irmão Dimi, em Curitiba, pra contar quem eu tinha visto, com quem eu tinha falado.
— Você não sabe quem tava lá!
— Me conta tudo!, respondia o Dimi.
— O Sergio Mamberti tava lá!
— Não acredito!, emendava o meu irmão.
Estamos em 1989 e o Mamberti acabara de fazer uma novela de muito sucesso, “Vale Tudo”, e sua personagem, um mordomo, tinha feito muito, muito sucesso.
Mas como eu disse que ia em todos estes encontros e leituras e rodas de conversa e sempre via as mesmas pessoas, os telefonemas para o Dimi começaram a ficar iguais.
— Você não sabe quem estava lá!
E ele, imediatamente, emendava:
— O Sergio Mamberti!
E caíamos na risada. Assim, durante algum tempo, uma das únicas pessoas famosas que eu conheci era o Mamberti, que sempre me tratava bem e se interessava pelo meu trabalho, indo assistir às nossas produções, de vez em quando.
O tempo foi passando e passou rápido. E durante todos estes anos eu continuei encontrando o Serginho nas zonas de conflito do teatro. Sim, quando você vir uma roda de pessoas de teatro, pode apostar que ali, no meio, tem um conflito que está sendo resolvido.
Nossa última aglomeração foi em dezembro de 2019, na entrega do Prêmio Arcanjo de Cultura, no Theatro Municipal. Estávamos felizes e mal sabíamos que, poucos meses depois, estaríamos trancafiados em nossas casas por conta da pandemia.
Mas a pandemia não nos impediu de nos reunirmos pela última vez em outubro de 2020. Dia 13, especificamente.
A convite de Sergio Sá Leitão, secretário de Cultura e da Economia Criativa do Estado de São Paulo, estivemos juntos na cerimônia que concedeu a Nydia Licia o nome da sala principal do Teatro Sergio Cardoso, que abriga, também, a sala Paschoal Carlos Magno.
Curiosa essa história. Embora partisse de Hubert Alquéres a ideia, certa vez, numa conversa informal, fui eu quem levou a conta para ao secretário Sá Leitão, que imediatamente topou a empreitada.
Então foi a última vez que estive com o Serginho, que estava ali porque havia trabalhado com a Nydia Licia. E, pela última vez, numa roda que definia algum caminho para a história do teatro brasileiro.
Vai fazer tanta falta!
+ Na foto, Carlota Joaquina, Ivam Cabral, Danielle Nigromonte,
Chris Couto, Duda Mamberti, Sergio Mamberti, Sylvia Lucia e Sergio Sá Leitão