Agora estou no aeroporto do Galeão, deixando o Rio de Janeiro. Depois de dias curtíssimos, onde trabalhamos intensamente, um momento de pausa é bom para algumas reflexões.
E pensei agora que devo ser grato à vida. Bem grato, aliás. Sempre fiz opções radicais e, digo sempre, meu projeto de vida tinha tudo para dar errado.
Quando iniciei minha vida profissional, aos 17 anos, estudava Administração de Empresas e tinha um futuro promissor. Aos 19, trabalhando em uma grande corretora em Curitiba, cheguei a operar na Bolsa de Valores do Paraná e entendia tudo do mercado financeiro.
Abandonei um caminho seguro para fazer teatro. Mas o teatro que eu me apaixonei também era de risco. Enquanto meus colegas de turma no curso de artes cênicas, lá no início, sonhavam com as câmeras da elevisão, eu idealizava um trajeto bem diferente: queria construir um grupo, desenvolver uma linguagem própria, ser importante na construção histórica do teatro brasileiro.
Nem tudo foram flores, afinal. Saí de Curitiba rumo a São Paulo – me lembro como se fosse hoje! –, sem nenhum contato, com pouquíssimo dinheiro e ansiando, desesperadamente, o futuro.
O que me esperava, no entanto, foi um caminho difícil, bem difícil mesmo. Os Satyros foi montado logo na minha chegada em São Paulo, quando conheci o Rodolfo, que sonhava os mesmos sonhos que eu sonhava.
Trabalhamos duro durante anos, sem termos segurança de nada. Aliás, até hoje a gente trabalha duro e continua sem nenhuma segurança. Mas tão, tão bonito perceber que, desde aquele início no final dos anos 1980 até hoje, o nosso projeto de vida continua intacto.
Sempre digo que criamos um projeto para não dar certo. Tudo sempre foi muito incerto. Em muitos momentos, quando pensávamos que estávamos chegando lá, pimba!, uma série de decepções e… o recomeço.
Mas eu não me iludo. Porque de dificuldades eu entendo. Aprendi desde muito cedo que teria que plantar o meu próprio alimento. Sim, na minha infância, lá em Ribeirão Claro, no Paraná, sempre tivemos a nossa horta e comíamos o que semeávamos. E isso nunca foi uma metáfora. Era a nossa realidade mesmo!
Se no inverno fazia muito frio, a geada queimava nossos alfaces e isso indicava dificuldades para os próximos tempos. Mas éramos otimistas. E persistentes também. Sempre quando isso acontecia, começávamos novamente, plantando tudo mais uma vez. E assim, fomos vencendo nossas dificuldades.
No teatro, isso acontece toda hora. E o recomeço é a nossa arma. Mas eu não quero falar de dificuldades agora. Embora neste momento o Satyros não conte com nenhum apoio financeiro e, mais uma vez, pressintamos um futuro complicado; artisticamente, vivemos um de nossos melhores momentos.
Nossa passagem, aqui, pelo Rio de Janeiro foi linda. Abrir este “A Gosto de Nelson”, um festival que comemora os 100 anos de Nelson Rodrigues, com nosso “Vestido de Noiva”, vai ficar para a história.
E fomos recebidos com tanto, mas tanto carinho que, vivesse mil anos, não esqueceria tudo o que aconteceu nestes últimos dias. Nenhum minuto, nenhum segundo.
Sou um cara feliz. E devo, sim, ser grato à vida. Obrigado Dioníso, obrigado Rio de Janeiro!
Excelente artigo . É extremamente lamentável que ao longo da década um passado, a indústria de viagens já foi capaz de combater o terrorismo , SARS, tsunamis, vírus da gripe , a gripe suína , junto com a primeira verdadeira crise econômica mundial. Através everthing que a indústria tem provado ser eficaz , flexível , bem como dinâmico , adquirindo novas estratégias para lidar com problemas. Há desafios constantemente frescas ea oportunidade de que o setor deve voltar a adaptar-se e comportar-se. abraço!