Em casa, desde sempre, era proibido colocar a panela diretamente na mesa. Mesmo que a comida fosse muito simples, e era sempre muito simples, o arroz e o feijão iam para travessas. Muitas vezes não tínhamos mais do que isso pra comer. No máximo uma salada ou uns legumes a mais, mas sempre arrumados em alguma travessa bem bonita.
Assim a gente foi crescendo e essa tradição de arrumar a mesa foi ganhando proporções. Até chegar em minha cunhada, a Silvia, mulher do meu irmão Claudio, que se especializou no assunto. Começou a estudar de verdade e, hoje, é consultora de mesa posta. Deste modo, nossas festas sempre tiveram uma mesa muito bonita às nossas esperas.
Este ano, depois um tempão sem poder nos reunir, estamos de volta com os nossos natais. Que ficaram, com o passar dos anos, mais tristes, é verdade. Já não temos mais os nossos pais e, há quatro anos, nem o nosso irmão Dimi, também. E essas reuniões de final de ano também foram ficando estranhas porque não temos mais um único lugar de encontro. Um aperto no coração…
Por isso a mesa posta faz sentido. É como se através da tradição a gente pudesse se reconectar com o passado e reencontrar as histórias das nossas infâncias. Uma espécie de acerto com o tempo, um jeito de reconecção com o menino que eu fui, com a família que eu tive.
Feliz Natal a todas e a todos. Que pelo menos um pouquinho de paz e ternura possam habitar as nossas saudades e todas as nossas faltas. Não me iludo, eu sei que são muitas.
Que nos conectemos e nos reconectemos cada vez mais. O amor entre as pessoas pode salvar o mundo!