EU PERFORMO, TU PERFORMAS, ELE PERFORMA

Rafael Mendes e Ondina Castilho em performance apresentada no evento "Visumix", nas Satyrianas edição de 2009 – foto: Fabio Delduque

Ainda que patente, é importante afirmar que o performativo não se limita às artes. Está em diversas áreas como medicina, engenharia, arquitetura e tem a ver com o ato de fazer, de atuar.

Também não se restringe aos aspectos sensíveis e pode agir tanto nas camadas sociais como nas físicas. O performativo não está ligado ao desempenho; antes, é o processual que interessa.

De maneira geral, performance pode significar resultado ou maneira de se realizar alguma coisa. Pode definir também – se roubarmos sua relação com as artes plásticas –, uma maneira de colocar em prática um trabalho artístico ao vivo, um happening.

Deste modo, performam os que fazem performance. Se a performance acontece neste “lugar” e “ao vivo”, é possível pensarmos  que, neste terreno, é forçoso que outra realidade seja instaurada. Não podemos esquecer que estamos no espaço da subjetividade e que o teatro é um acontecimento; um fenômeno, portanto.

Assim – e por meio desta experiência – podemos transformar ficção em realidade ou vice-versa. E, neste lugar, tanto artistas quanto público podem performar.

No teatro e no teatral necessitamos sempre de um olhar externo, da consciência e da observação. O performativo, contudo, não depende necessariamente deste olhar. Obrigatoriamente o teatral prescinde do performativo; o performativo, no entanto, pode dispensar o teatral.

Enquanto no teatral recorremos à formalização, na performatividade buscamos a fricção, a possibildiade do diálogo. Porque é no performativo que trabalhamos com a suspensão de juízo, importantíssima no processo criativo.

A questão da experiência é o platô da base pedagógica da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco. E nossa questão nestes últimos dias tem sido pensar como o performativo pode se deslocar no que propomos.

Se o foco está na experiência, nunca no resultado, o que importa é o fazer.

Ator, roteirista e cineasta. Co-fundador da Cia. Os Satyros e diretor executivo da SP Escola de Teatro.
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3 comentários em “EU PERFORMO, TU PERFORMAS, ELE PERFORMA

  1. Bom DIA Ivan!!!

    Estava a refletir sobre estes dias de experimento, e pensei afinal as salas “abertas” foram ou não performances?

    Me pareceu que embora fosse para “ser” performances muitas salas, ainda com seus aprendizes condicionados a mostrar algo para seus respectivos formadores ficaram presos a uma “apresentação”.

    Então me perguntava: Isto tudo que ocorreu, foi teatro performativo, performance ou performatico?
    Em discussões com o grupo, foram levantadas tais questões e ainda cotinuei na dúvida rs.

    Mas após ler seu texto sobre, ficou muito mais claro.

    Agradeço pelo exclarecimento 😉

    Abç

      1. Boa Noite Ivan,

        Tranquei minha matrícula no módulo amarelo, adorei fazer o vermelho e ao concluir minha formação me deparo com o módulo verde, que por sinal foi muito bom, tem seus valores, e é necessário dentro da formação proposta pela SP, porém não me desperta vontades extremas de criatividade rs…
        Mas ao saber que poderia repetir o azul, me senti muito mais atraída. Mudei meu horário (PS: Obrigada pela oportunidade) nova turma e novas dúvidas, aqui estou para reler seu texto que muito me ajudou e pôde clarear meu ponto de vista sobre o assunto.
        Sinto que ainda há pessoas com muitas dúvidas, e a questão agora é: O que é performance e o que é teatro performativo…
        Acredito que, não se pode dizer, que não se sabe totalmente o que é com tantas referências expostas e propostas.
        Estou mais uma vez compartilhando seu texto com meu novo grupo(núcleo. Gostaria de complementar algo?
        Desde já agradeço 😉
        Bjs

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