Nesta segunda-feira, 21 de fevereiro, a SP Escola de Teatro comemora uma data muito importante: há exatos 12 anos iniciavam-se as aulas da primeira turma do curso técnico em teatro da instituição. José Celso de Martinez Corrêa, o Zé Celso, um dos principais expoentes da história do teatro nacional, deu sua ‘benção’ para a SP e se emocionou na inauguração ao lado dos colaboradores e dos estudantes da Escola.
Em suas redes sociais, Ivam Cabral, diretor executivo do projeto, comemorou o sucesso dessa longa trajetória, e relembrou as palavras que disse na inauguração, em 2010: “Eu vi uma escola nascer e isso me basta para o resto da vida.” Essa data é um marco na história das artes do palco do país, pois naquele dia nascia a Escola que hoje em dia é eleita uma das melhores da América Latina e tem seu modelo pedagógico exportado para várias instituições de ensino de todo o mundo.
“Naquele dia, um sábado, nascia a SP Escola de Teatro, sob as bençãos de nosso guru maior, Zé Celso. De lá para cá, continuamos a escrever um importante capítulo na história da formação teatral do país e do mundo, com milhares de vidas que foram transformadas pelo projeto, inclusive a minha. Parabéns a todes que vêm construindo esta história, incansavelmente. Viva a SP Escola de Teatro” celebrou Ivam em sua página no Instagram.
A SP Escola de Teatro surgiu como uma iniciativa inédita da Sec. de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo para fomento e incentivo à cultura, setor tão frágil e por vezes secundarizado. Inaugurada em 2010, a Instituição se tornou o maior Centro de Formação das Artes do Palco da América Latina e milhares de artistas foram transformadores em sua passagem pela escola que, gratuita, é também um vetor para diminuir a distância causada pela desigualdade social entre a arte e a população em geral.
Além disso, a SP Escola de Teatro propõe novos desafios para o ensino das Artes Cênicas no Brasil, são muitas as inovações e originalidades que o modelo pedagógico ousado propõe. Desde seu início a instituição procurou realizar questionamentos e reflexões que extrapolam seu tempo e que demonstram preocupação em atender as mais diversas necessidades da classe artística, assim como das minorias que a compõe.
Atualmente, a instituição é fonte de inspiração para algumas das mais importantes instituições de ensino do mundo, e o espaço toma como prismas da formação as sensibilidades e as potencialidades artísticas, humanas, críticas e cidadãs. Na SP parte-se da contemporaneidade para a tradição, constitui-se, então, a ideia de um teatro descolonizador. Assim, possibilita-se um trabalho formativo teatral bem diverso, e nesse âmbito a escola tem uma preocupação muito grande com questões de raça, gênero e classe; pois é entendido que em um país como o Brasil, tais pautas são fundamentais na formação dos estudantes e artistas.
Seu projeto de criação foi extenso e elaborado com muita cautela, num trabalho que foi desenvolvido de 2005 a 2009, mas que é construído e renovado até hoje. São três pilares a partir dos quais a instituição se orienta: curso técnico, cursos de extensão e o Programa Kairós. Três eixos que alicerçam o funcionamento sistêmico dos setores da Instituição, contemplando diferentes ações artístico-pedagógicas. Motivada por seu objetivo simples e direto – “artistas que formam artistas”, – a Escola articula propostas como, no plano social, a interface com estudantes contemplados com bolsas-auxílio, atitude que democratiza o acesso ao universo teatral para diferentes camadas da população; e, no sistema pedagógico, a exploração conjunta do terreno do conhecimento por docentes e estudantes.
Por semestre, são oferecidas em média 80 vagas dividas em oito linhas de estudo: Atuação, Cenografia e Figurino, Direção, Dramaturgia, Humor, Iluminação, Sonoplastia e Técnicas de Palco, e pelo menos 20% delas são destinadas a pessoas autodeclaradas pretas ou indígenas. O curso tem duração de dois anos e a abordagem dos conteúdos prefigura como se fossem oito escolas em uma, dado o grau de relações artísticas e pedagógicas entre as disciplinas.
Os estudantes da SP recebem um acompanhamento especial com os mais qualificados artistas educadores, para assim aprenderem as artes do palco na prática; fazendo teatro de fato. É durante o contato com a experiência teatral que são desenvolvidas práticas pedagógicas e estratégias de construção do ensino.
Além disso, na SP as disciplinas estão o tempo todo em diálogo, o estudante enriquece o seu conhecimento por meio do contato com o trabalho de outras linhas de estudo, pois conhece diversas perspectivas de organização, além de ter acesso ao processo realizado nos bastidores como, por exemplo, a disposição dos objetos de cena e afins. Ademais, também procura-se manter um amplo contato com instituições estrangeiras, portanto, são oferecidas inúmeras e constantes oportunidades de intercâmbio cultural aos estudantes.
Hoje contamos com duas unidades e ambas são instrumento de revitalização cultural em suas respectivas regiões; uma no prédio histórico no bairro do Brás, centro expandido da cidade. Espaço que, erguido em 1913 e tombado como patrimônio histórico, já abrigou a Escola Normal do Brás, onde estudaram nomes como a escritora Pagu e a apresentadora Hebe Camargo. A segunda unidade da SP Escola de Teatro, que foi aberta em 2012, e fica na Praça Roosevelt, e atualmente configura um símbolo de união da arte da capital paulista. No seu entorno estão teatros, bares, restaurantes e o recém-inaugurado Parque Augusta, em sintonia com a cena cultural local.
Fonte: SP ESCOLA DE TEATRO