E foram estas fotos aí, da minha cunhada Silvia — que é excelente fotógrafa, bom deixar registrado aqui —, que deu um aperto no meu coração.
Fiquei imaginando por um bom tempo qual teria sido o meu prato e em qual lugar desta mesa eu teria me sentado, caso a pandemia não tivesse nos apartado.
E comecei a me lembrar de alguns detalhes da minha infância, que nunca mais havia recordado.
Embora pobres, bem pobres mesmo, nossas mesas sempre foram bem postas. Era a minha irmã Irani quem sentenciava:
— Panelas na mesa, não!
Então, mesmo que tivéssemos pouca coisa para servir, as travessas eram sempre colocadas de maneira caprichosa à mesa. Em “Todos os Sonhos do Mundo” eu contava dos panos de pratos da minha família, os mais lindos do mundo inteirinho. Mas não falei dos guardanapos, das toalhas de mesa e do capricho que minha mãe e minhas irmãs sempre exerceram na preparação de uma mesa.
Então, se tem uma coisa que a minha família sabe fazer bem é servir com algum rigor as comidas especiais, em datas igualmente especiais.
Então, no Natal, com a família que eu formei – Rodolfo, Chico, Cacilda e, agora, com Neuzinha também; mas com o Blangis, o João e a Faustina que ficaram no apartamento no centro da cidade – eu fiz questão de arrumar a mesa mais linda do mundo inteirinho para o nosso almoço de hoje. Afinal, e apesar tudo, era um dia especial.