Estas são fotos da família do meu irmão Irineu, o primogênito da família Cabral, que tinha 15 anos quando eu nasci.
Irineu é a personificação do homem que eu gostaria de ter sido nessa vida. Além de generoso, tem passado seus dias dedicando-se ao próximo, com uma obstinação inimaginável. Antes de formar a sua família, cuidou da nossa.
Sempre foi o melhor amigo da nossa mãe e cruzou a sua juventude tomando conta da educação dos irmãos mais novos. Foi ele quem trouxe geladeira, televisão, máquina de escrever, livros (muitos) e centenas de discos pra dentro de casa.
Era ele, também, que nos enchia de chocolates na Páscoa e de roupas novas no Natal. Também nos presenteava com dinheiro nos aniversários e amor, tanto amor, todos os dias.
Para que eu e meus irmãos tivéssemos uma vida mais leve, Irineu trabalhou duro.
Pedreiro nos primeiros tempos, foi soldador de grandes fábricas no ABC paulista, até sua aposentadoria, já uns bons anos porque, sim, o trabalho com solda expõe o soldador aos fumos metálicos e tem grau máximo, 40%, de insalubridade. 40%!!!
Por isso meu irmão, há cerca de 20 e tantos anos, tem se dedicado aos mais carentes. E foi na Paróquia Nossa Senhora de Fátima, em Mogi das Cruzes, onde vive, que descobriu um jeito de cuidar de mais pessoas.
Não, não bastou ter se responsabilizado pela minha família e, depois, criado a sua. Irineu gosta de gente, então formou-se Ministro Extraordinário da Sagrada Comunhão de sua igreja.
Ontem nos encontramos, como não fazíamos há um bom tempo. Porque juntar família nos dias de hoje não é tarefa simples.
Então foi por acaso. Acordei com saudade, liguei dizendo que ia almoçar com ele e sua adorável Sônia, que me disse que as filhas estariam todas em casa. Filhas e genros e neta!
E foi assim que, posicionados na mesa do almoço, todos fechamos os olhos e, guiados pelo Irineu, agradecemos a refeição que íamos comer, como fazíamos todas às vezes, durante todos os dias da minha infância.