Coração apertado aqui. Nossos ídolos estão morrendo e isso vai me matando um pouco também… Ano terrível este, talvez um dos mais tristes de sempre.
Nicette Bruno e Paulo Goulart foram uma espécie de oráculos na minha vida. Os dois tiveram uma importância muito grande em minha formação. Talvez o que poucos saibam é que o casal viveu em Curitiba e trabalhou muito no Teatro Guaíra, meu berço. Inclusive, a Barbara Bruno nasceu lá.
Tive a honra de conviver perto desta família. Com alguns deles, inclusive, de maneira bastante íntima. Cheguei a conhecer Eleonor Bruno, a mãe da Nicette, grande e poderosa atriz, vejam só, que sorte a minha!
Quando cheguei em São Paulo, no final dos anos 1980, dona Nicette e seu Paulo tinham o Teatro Paiol, na rua Amaral Gurgel. Frequentei muito o local. Primeiro como fã e curioso, depois como amigo.
Que família mais linda, meu Deus! Certamente, Nicette e Paulo construíram mais do que um porto seguro, mas um legado. De amor ao teatro, sobretudo.
Com a morte do Paulo, uns anos atrás, já havia sentido ali a possibilidade de uma ruptura. Mas a força da matricarca foi algo que raramente vi. Aos caquinhos, um por um, Nicette reconstruiu tudo, tamanha sua força. Aos 80 e tais anos, em “Pega Pega”, de 2018, roubou a cena e virou até mocinha protagonista de novela, com par romântico e tudo.
Não sei porque eu tinha quase certeza de que dona Nicette sairia desta, tamanha sua força. Mas acho que depositamos muita responsabilidade em uma mulher que já havia construído uma vida pra lá de memorável. Merece o descanso e a paz.
Ficaremos com muita, muita saudade. Família Bruno-Goulart, amo vocês, <3
*** Na foto, de Andre Stefano, no Espaço dos Satyros, em 2007, com Nicette e Paulo, na estreia de “O Santo Parto”, de Lauro Cesar Muniz, com direção de Barbara Bruno. Eu fazia a assistência de direção. Éramos felizes e sabíamos disso.