Em “A Alegria é a Prova dos Nove”, Helena Ignez interpreta Jarda Ícone, uma mulher octogenária que conduz workshops dedicados a ensinar, celebrar, e conceder protagonismo ao orgasmo feminino em escala global.
Ao sair da exibição, experimentei uma raridade de sensação, uma felicidade intrínseca e, no entanto, não se enganem, pois a obra é permeada por uma tristeza profunda.
De natureza política, o filme aborda temas como opressão, desigualdade e a sombra da ditadura militar, entre outros. Desde o início, uma cena espetacular com Djin Sganzerla, encarnando Jarda em sua juventude nos anos 1970, retrata um episódio brutal em que ela é vítima de violência sexual por dois homens, uma das cenas mais cruas e ao mesmo tempo esteticamente belas do cinema nacional.
O desfecho do filme apresenta uma das sequências mais deslumbrantes de todos os tempos no cinema. A la Jodorowsky, a fotografia transita entre tons de azul e vermelho, criando uma celebração ao orgasmo.
Neste clímax, a figura masculina sucumbe ao feminino, transcendendo as fronteiras convencionais e solidificando “A Alegria é a Prova dos Nove” como uma obra indispensável na incrível programação do Festival Mix Brasil.
De quebra, a gente sai do filme querendo entender melhor o nosso corpo. E, do Cine Sesc até a minha casa, caminhei dançando pelas ruas. Triste, mas feliz!