por Curitiba em Destaque
A Companhia Os Satyros, de São Paulo, retorna ao Festival de Curitiba com duas peças, entre as quais Pessoas Brutas. O espetáculo terá apresentações nos dias 5 e 6 de abril, no Teatro Zé Maria, sempre às 21 horas. A Companhia Os Satyros tem tradição no Festival de Curitiba, mas essa será a primeira vez que Pessoas Brutas será encenada no evento. O trabalho estreou em 2017 e recebeu indicações ao Prêmio Shell na categoria melhor figurino; ao Prêmio Aplauso Brasil, em oito categorias; e ao Blog do Arcanjo, em três.
A peça é contada a partir do sequestro da filha de um doleiro denunciado no “esquema da rachadinha”. Os destinos de vários personagens anônimos de São Paulo se cruzam em uma teia de relações violentas em que buscam desesperadamente figuras heroicas para dar sentido às suas vidas desesperançadas.
São 13 atores no palco para a terceira parte da Trilogia das Pessoas – com foco em personagens anônimos de São Paulo, pessoas que se parecem e podem representar todos os anônimos das metrópoles contemporâneas mundo afora.
Pessoas Brutas discute a viabilidade da ética em um Brasil moralmente arrasado. O grupo pretende refletir sobre o momento atual a partir de um conceito – o heroísmo. O espetáculo olha para a figura do herói de forma desencantada. Não há herói à vista, somente missões heroicas equivocadas ou egoístas. Os artistas propõem a seguinte provocação: “se não temos mais heróis, a quem recorrer?”
“É um trabalho potente sobre histórias que se cruzam. O eixo que corta o espetáculo é o sequestro pelo tráfico da filha de um político importante que enriqueceu com os esquemas das rachadinhas. Falamos sobre o que sentimos em relação à corrupção e como isso contribui para que a vida seja mais triste, mais complicada e mais bruta”, explica o ator e dramaturgo Ivam Cabral.
Trilogia
Em 2014, Os Satyros resolveram dar início a uma trilogia que abordaria a vida dos personagens anônimos da cidade de São Paulo. A primeira montagem foi o premiado espetáculo Pessoas Perfeitas – vencedora prêmio APCA de melhor espetáculo, prêmio Shell de melhor texto e prêmio Aplauso Brasil de melhor dramaturgia –, que tratava da vida de moradores da região central e da Zona Leste de São Paulo.
Em 2016, veio a segunda peça, Pessoas Sublimes, sobre uma região pouco explorada na dramaturgia sobre São Paulo – Parelheiros, bairro periférico da grande metrópole. O espetáculo falava da relação entre o mundo dos vivos e dos mortos.
Em 2017, a terceira parte, Pessoas Brutas, que foi criada a partir de entrevistas e observação in loco, além de depoimentos dos artistas participantes, para investigar a questão das dependências química e psíquica no cotidiano de moradores da metrópole de São Paulo.
Mangás
Todo o visual da peça, em preto, branco e tons de cinza, é inspirado na “selva de pedra” das grandes metrópoles. Mas foi concebido também a partir de uma outra arte: os mangás japoneses.
“Os mangás eram, incialmente, em preto e branco, tiveram origem numa época em que o Japão passava por uma grande crise econômica. Eram impressos em folha de jornal e em preto e branco, para que eles não precisassem gastar muita tinta. Isso nos inspirou, pois não tínhamos dinheiro e queríamos fazer alguma coisa criativa e que fosse legal. Daí começamos a pesquisar o gênero dos quadrinhos – em especial quadrinhos em preto e branco – e os mangás. E, assim, todo o visual da peça acabou indo para o preto e branco com alguns tons pasteis”, contextualiza Cabral.
Retorno
Ivam Cabral, radicado há anos em São Paulo, é natural de Ribeirão Claro, no Norte Velho do Paraná, e iniciou a trajetória profissional dele no teatro em Curitiba, cidade que visita com frequência. De acordo com ele, a 30ª edição do Festival é a celebração da volta dos artistas ao palco.
O dramaturgo aponta a importância histórica do Festival de Curitiba. “O Festival de Curitiba reinventou a arte não só em Curitiba. A partir de 1992, o evento reformula a cidade, colocando-a como berço da cultura teatral. O evento foi o primeiro grande festival de teatro, com reflexos em todo o país. Os festivais de teatro, antes do Festival de Curitiba, estavam ligados ao teatro amador. E a mostra surge como vitrine do teatro contemporâneo. O que acontecia em Curitiba seria sucesso no país todo”, diz.
De acordo com Cabral, o Festival de Curitiba é há muitos anos o maior evento cultural do país. “Sempre se espera muito pela realização do Festival. Quando a edição de 2020 acabou suspensa (em razão da pandemia), foi muito triste. Era como se a partir daquele momento tivéssemos perdido um jogo. Então, é muito importante termos a retomada presencial do Festival de Curitiba”.
A Mostra Lúcia Camargo é apresentada por Ebanx, Paraná Banco, Governo do Estado do Paraná e New Holland, com patrocínio de ClearCorrect, Vonder, SulAmérica e Novozymes.
Acompanhe todas as novidades e informações da Mostra Lúcia Camargo do Festival de Curitiba pelo site www.festivaldecuritiba.com.br, pelas redes sociais disponíveis, no Facebook @fest.curitiba, pelo Instagram @festivaldecuritiba e pelo Twitter @Fest_Curitiba.
Serviço:
Pessoas Brutas, com Os Satyros
Teatro Zé Maria (Rua Treze de Maio, 655 – São Francisco)
Quando: 5 e 6 de abril, sempre às 21h
Valores: R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia-entrada) + taxa de serviço
Ingressos: www.festivaldecuritiba.com.br e na bilheteria física exclusiva do Shopping Mueller (piso L2), de segunda-feira a sábado, das 10h às 22h; domingos e feriados, das 14h às 20h.
Classificação: 14 anos
Duração: 80min
Fonte: Curitiba Destaque