Jacob Guinsburg é, na minha opinião, o maior nome do teatro brasileiro hoje. Ensaísta, crítico teatral, tradutor e professor, fundou e preside a Editora Perspectiva. Aos 90 anos, continua ativíssimo, produzindo e pensando teatro com uma lucidez impressionante.
Em 2003, Jacob foi o nosso grande homenageado no evento Satyrianas – uma Saudação à Primavera. Na ocasião, eu, Denise Weinberg e os queridos – e saudosos – Alberto Guzik e Fernando Peixoto fizemos leituras de alguns de seus textos e vivemos um dia especialíssimo. Em 2009, no lançamento da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco, também tivemos o prazer de tê-lo conosco que foi, mais uma vez, homenageado por sua grande contribuição às artes cênicas de nosso País.
Hoje, pela manhã, Jacob me recebeu em seu simpático escritório da rua Brigadeiro Luis Antonio. Estavam conosco, a pesquisadora, tradutora e professora Ingrid Koudela e Joaquim Gama, coordenador pedagógico da SP Escola de Teatro.
O encontro era para falarmos sobre a edição da tese de doutorado do Joaquim, “A Abordagem Estética e Pedagógica do Teatro de Figuras Alegóricas”, que, orientado pela Ingrid, fez uma extensa pesquisa sobre jogos teatrais, a partir da leitura das gravuras do flamengo Peter Brueghel (1525-1569).
Um encontro que seria rápido, durou bem mais que duas horas. Para falarmos do trabalho do Joaquim, saímos de Brueghel para chegar em Heiner Müller, passando por Bosch, Brecht, Meyerhold, Büchner e até Artaud. Uma reunião de negócios que deveria ser breve, virou uma aula excepcional, regada a divagações e muito café.
Por fim, saí de lá com a incumbência de organizar um trabalho a partir das críticas do Alberto. Pensamos em um volume que possa ilustrar o grande crítico e pensador que foi Alberto Guzik, assistente de Jacob no início de sua carreira. Aliás, pela Perspectiva, Alberto publicou “TBC: Crônica de um Sonho”, sua dissertação de mestrado; além de ter traduzido os dois tomos de “Mestres do Teatro”, de John Gassner.