Acabo de ver que meu querido amigo João Silvério Trevisan é um dos semifinalistas ao Prêmio Jabuti, na categoria Romance Literário. Muito feliz aqui.
Tenho uma relação de intimidade com o prêmio: já ganhei, já fui indicado e até atuei como jurado. E agora, metido que sou, entro na história do João e pego uma carona na festa dele. Porque desta vez apareço como personagem de um livro semifinalista ao Jabuti. Não é um luxo?
E 𝐂𝐎𝐌𝐎 𝐄𝐔 𝐅𝐔𝐈 𝐏𝐀𝐑𝐀𝐑 𝐍𝐎 𝐋𝐈𝐕𝐑𝐎 𝐃𝐎 𝐉𝐎Ã𝐎?
Escrevi sobre isso em maio do ano passado:
Os anos 1990 foram mágicos em minha vida. Passei este período vivendo fora do Brasil, em um tempo onde não tínhamos smartphones nem internet. A comunicação com o Brasil era muito complicada. E cara. Então a gente se falava por carta ou, os mais descolados, por fax.
No Natal de 1996 eu recebi um fax do João Silvério Trevisan. Eu estava em Lisboa, me preparava para passar o réveillon em Paris e João, aqui em São Paulo, vivia o primeiro aniversário de morte de seu irmão Claudio, protagonista de “Meu irmão, eu mesmo”, o mais recente livro do João, lançado pela Editora Alfaguara, da Companhia das Letras. Este fax do João consta no livro.
Embora o João tivesse me pedido permissão para colocar esta troca de correspondência no livro – e eu, evidente, tinha permitido – não me lembrava de seu teor. O livro chegou há pouco e eu fui dar uma vista d’olhos. Levei um susto porque nas primeiras folheadas e sem dificuldade alguma parei na página 232, quase no final da obra e li, incrédulo o que João me escreveu naquele, já longínquo, 25 de dezembro de 1996. Tão doído, tão triste, mas, ao mesmo tempo, tão cheio de amor.
Que privilegiado sou eu! Convivo com esse meu amigo, seguramente um dos maiores escritores vivos da literatura brasileira, há mais de 30 trinta anos e continuo me surpreendendo com a qualidade de seu amor. E com sua absoluta capacidade de compaixão pela humanidade. Que bom ser seu contemporâneo e que bonito ver que, de um jeito ou de outro, temos atravessado este tempo com saúde (tema principal deste fax) e preservado o nosso amor.